São Paulo, sexta-feira, 05 de janeiro de 2001

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Ícone da cena eletrônica, o DJ lança o CD "A Night at the Playboy Mansion"

Dimitri from Paris escancara house francesa





Disco é, na verdade, uma compilação de músicas não muito conhecidas da disco music


CLAUDIA ASSEF
DE PARIS

"Festa para viagem" seria um bom título em português para o álbum "A Night at the Playboy Mansion", disco do DJ Dimitri from Paris que será lançado no Brasil em janeiro pela gravadora Virgin.
Nascido na Turquia, Dimitri, 37, veio para a França quando era criança e hoje é conhecido mundialmente como um dos DJs mais famosos do país.
"As pessoas acham que eu sou famoso. Mas ninguém nunca se lembra do rosto de um DJ. Isso é engraçado", disse Dimitri à Folha em seu apartamento na avenida Voltaire, bairro comercial de Paris. O imóvel espaçoso, com decoração inspirada nos 60, em que o vermelho predomina, serve de base de negócios para o DJ.
"A Night at the Playboy Mansion" é na verdade uma compilação de músicas não muito conhecidas da disco music, ritmo que arrastou meio mundo para as pista de dança nos anos 70.
Para quem conhece o primeiro CD de Dimitri from Paris, o álbum "Sacrebleu", de 1996, a coletânea "Playboy" é uma surpresa. "Em "Sacrebleu", quis experimentar meu lado de produtor e de artista, se é que eu posso usar esse título", diz Dimitri. "Mas era um disco calminho, "cool", para ouvir em casa. Por isso, muita gente acha até hoje que sou um DJ de "lounge", o que não é verdade."
"Lounge", em português, significa sala de espera. O nome passou a ser usado para definir músicas suaves, descompromissadas, como as que se ouvem nas ante-salas de consultórios de dentistas ou em elevadores.
Dimitri diz que chegou até a disco music levado pela house, uma mistura de funk e música eletrônica que explodiu nos anos 80, principalmente nos EUA.
"Os primeiros discos de house que chegavam de Chicago eram cópias de disco music", acredita o DJ. "Como a house me fascinou, quis ir mais longe e fui buscar as raízes do gênero na disco music."
Dimitri começou a sair à caça de LPs de disco music do mundo todo. Hoje, o DJ calcula que tenha acumulado cerca de 10 mil LPs.
"Descobri que, mesmo na época mais comercial da era das discotecas, havia gente fazendo disco music underground", conta.
Da pesquisa pessoal que começou a fazer em meados dos anos 80, Dimitri reuniu material para dois trabalhos diferentes: a coletânea "A House at the Playboy Mansion" e o CD triplo "Disco Forever", que saiu em outubro na Europa e no Japão.
Dimitri entrega a diferença entre os dois discos: "A compilação "Playboy" é um disco de festa. É o que eu gosto de tocar quando estou num clube. É kitsch, nostálgico e divertido", resume.
Sobre o triplo "Disco Forever", Dimitri diz que é um produto para um público menor e mais especializado. "Não é um disco fácil. Por isso mesmo saiu por um pequeno selo, o inglês BBMusic, especializado em compilações e CDs para colecionador", diz.
Foi lá, então, que ele colocou a tal da disco music underground. "Reuni coisas bem alternativas da disco. A maioria das músicas nunca tinha saído em CD."

Franceses desempregados
Em 2000, Dimitri from Paris completou 18 anos como DJ. Seu nome começou a ganhar fama internacional com a festa Respect Is Burning, noite que virou uma lenda parisiense.
Segundo Dimitri, em meados dos anos 90, os clubes franceses só queriam saber de trazer DJs americanos e ingleses. "Os DJs franceses não tinham emprego nem na França", diz.
Daí que três jornalistas franceses (Jerome Viger-Kohler, David Blot e Fred Agostin) resolveram produzir uma noite para dar espaço a esses DJs. Assim nasceu a Respect Is Burning.
A festa tornou-se referência entre os modernos de Paris. A Respect acontecia todas as quartas-feiras na boate gay Queens, na avenida Champs-Elysées.
Por lá passaram nomes como Daft Punk, Dimitri, Cassius, Alex Gopher e outros DJs franceses que depois ficaram conhecidos no mundo inteiro.
"A Respect fez muito sucesso e nos projetou como DJs para o mundo", diz. Hoje, a Respect é uma festa itinerante que viaja pelo mundo. E Dimitri viaja junto.
"No começo, nós ajudamos o Dimitri a ficar conhecido", diz Jerome Viger-Kohler, um dos produtores da Respect. "Agora, é ele que ajuda a manter nossa festa um sucesso", completa.
Como uma forma de reconhecimento, "A Night at the Playboy Mansion" sai com a marca da Respect Is Burning.


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