São Paulo, quarta-feira, 05 de janeiro de 2005

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ILUSTRADA

Considerado o maior nome das histórias em quadrinhos americanas, autor não resistiu a cirurgia do coração

Aos 87, morre Will Eisner, pai de "Spirit"

DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Will Eisner, criador de "Spirit" e artista que elevou as histórias em quadrinhos ao status de arte seqüencial -termo cunhado pelo próprio- morreu na última segunda-feira, em Fort Lauderdale, no Estado da Flórida.
A morte aconteceu em decorrência de complicações em uma cirurgia do coração a que Eisner, que estava com 87 anos, havia sido submentido em 22 de dezembro do ano passado.
Padrinho de praticamente todas as gerações dos quadrinhos americanos, de Jack Kirby e Jules Feiffer a Art Spiegelman, o desenhista e escritor nascido no Brooklyn, em Nova York, continuava produzindo, não obstante a aposentadoria de seu principal personagem, o detetive Spirit, criado em 1940 e cancelado 12 anos depois.
Mas Eisner nunca se aposentou. Pelo contrário, enquanto novas gerações redescobriam a narrativa noir cinematográfica de "Spirit", ele voltou à cena, em 1978, com aquela que é considerada a primeira "graphic novel" (novela gráfica) da história, "Contrato com Deus", um retrato em quadrinhos da vida nos cortiços do Bronx durante o período da Grande Depressão.
Convocado para servir o Exército durante a Segunda Guerra Mundial, a experiência rendeu HQs reflexivas como "No Coração da Tempestade" e, anos depois, "O Último Dia no Vietnã".
Sempre preocupado com as questões de tempo e espaço nas histórias em quadrinhos, Eisner ensinou seu ofício na School of Visual Arts, de NY, e é autor de dois títulos teóricos sobre o assunto, "Quadrinhos e Arte Seqüencial", lançado no Brasil pela editora Martins Fontes, e "Narrativas Gráficas", que será lançado em março pela editora Devir.
Até então considerado uma "lenda vida dos quadrinhos", o autor passou a emprestar seu nome -e sua presença infalível- a um dos principais prêmios das HQs americanas, o Eisner Awards, criado em 1988.
Amigo do também quadrinista e pesquisador paulistano Álvaro de Moya, Eisner esteve no Brasil em diversas ocasiões, a mais recente como convidado do Festival de Humor e Quadrinhos de Pernambuco, em 2001. São Paulo e Rio também receberam Eisner, respectivamente em 1994 e 1991, durante a abertura da primeira Bienal de HQs do RJ.
Suas obras mais recentes, "The Plot" e "Fagin, the Jew", que abordam questões do judaísmo, serão lançadas no Brasil ainda neste ano, pela Companhia das Letras. Nos EUA, deve sair a biografia autorizada "Will Eisner: A Spirited Life", de Bob Andleman.


Com agências internacionais


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