São Paulo, terça, 5 de janeiro de 1999

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CRÍTICA
Dedicação total ao rock

da Reportagem Local

As 66 faixas da caixa "Tracks" são sobras de estúdio, mas ninguém pode dizer que não trazem o melhor de Bruce Springsteen. São frutos do trabalho de um artista que gostava de gravar até sete ou oito canções num único dia. É o testemunho de uma vida dedicada ao rock and roll.
As quatro primeiras faixas são as mais antigas, registradas em gravação do dia 3 de maio de 1972, para uma demo que Springsteen mostraria aos homens da CBS. As canções entrariam depois em seu álbum de estréia, no ano seguinte. Junto com sete músicas inéditas gravadas em 1973, mostram o tal "novo Bob Dylan", o primeiro rótulo que a imprensa deu a Springsteen. São canções longas, discursivas, roteiros tirados do cotidiano.
Completam o CD número um algumas gravações de 1974 a 1979, nas quais o cantor já exibia a grande característica de sua música: transformar episódios da vida proletária em rock vigoroso, quase épico. Para os fãs, a melhor é "So Young and in Love", que traz os mesmos personagens da clássica "Jungleland", faixa que encerra o álbum "Born to Run" (75).
O segundo CD da caixa reúne gravações de 1979 a 1983. A grande maioria foi tirada das sessões para "The River", álbum duplo de 1980. Puro rock and roll, às vezes totalmente retrô, incluindo um clássico de seus shows, "Where the Bands Are". Curiosidades: as versões alternativas de "Stolen Car" (de "The River") e de "Born in the USA" (do álbum homônimo).
Das 18 faixas do CD número três, 14 são das sessões de gravação de "Born in the USA", e elas só confirmam que o álbum deveria ter sido duplo, já que boas canções não faltam. É, sem dúvida, um registro da melhor fase de Springsteen como vocalista, com baladas de arrepiar.
O quarto CD mostra músicas desta década. É a fase madura, em que Springsteen prefere falar de amor e companheirismo, não de paixões arrebatadoras. No lugar dos jovens rebeldes dos anos 70, seus personagens estão quarentões, assombrados por fantasmas como a Aids e o desemprego. Como sempre, ele quer ser a voz de gente acuada pela vida. Algo que Springsteen faz muito bem. (TM)



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