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MARKETING
Empresas pulverizam
investimentos em cultura
PATRICIA DECIA
da Reportagem Local
Falta de profissionalização, investimentos pulverizados em várias áreas e poucos instrumentos
de avaliação de resultados são os
principais problemas do marketing cultural no Brasil.
Essas são as conclusões da primeira radiografia do setor, feita
em forma de tese de mestrado, defendida -e aprovada sem restrições- por Fernando Fischer, em
dezembro, na UFRJ (Universidade
Federal do Rio de Janeiro).
Durante um ano, Fischer tomou
para si a tarefa de peregrinar por
departamentos de marketing de 40
grandes empresas brasileiras em
cinco Estados. Escolheu para sua
amostra as grandes investidoras
da iniciativa privada, como Shell,
Banco Real e Souza Cruz.
Tentou também as estatais, responsáveis por mais de um terço
dos investimentos. No entanto,
obteve a cooperação de poucas.
Assim, continua-se sem saber detalhes do patrocínio cultural das
empresas de telecomunicações,
privatizadas no ano passado.
Todos os números da pesquisa
referem-se ao ano de 1997, o de
melhores resultados na utilização
de incentivos fiscais, como as leis
Rouanet e do Audiovisual.
Segundo Fischer, ainda são poucas as empresas que têm departamento e pessoal específico para
cuidar do marketing cultural.
"Normalmente, pessoas de outras
áreas são deslocadas para essa função. E não dedicam-se exclusivamente a ela, acumulando tarefas."
Apenas 20% das empresas pesquisadas utilizam o termo marketing cultural. Nas outras, a função
dilui-se em outros departamentos.
"Diferentemente do que pensava,
o marketing cultural está mais ligado às áreas de comunicação e de
relações públicas do que marketing propriamente dito", afirmou.
Lobby social
Esse detalhe, que pode parecer
insignificante, mostra como a
grande parte das empresas vê o setor. "Não existe muito uma visão
pragmática do investimento em
cultura. É mais um lobby social,
tanto no aspecto político quanto
no relacionamento com a comunidade. Não é uma ação ligada aos
produtos e serviços, mas ao símbolo corporativo", disse ele.
Promover o nome da empresa,
sobretudo fazendo com que ele
apareça na mídia, impressa ou eletrônica, é a principal motivação
para o investimento em cultura.
"Se há visibilidade de mídia, julga-se que a ação foi boa", afirmou.
A pesquisa de Fischer revela que
ainda é muito restrita a preocupação com aspectos culturais como a
formação de público, a difusão
cultural (entendida como o acesso
de um maior número de pessoas à
cultura) e também o incentivo à
produção de bens culturais.
Co-patrocínio
Contrariando exemplos bem-sucedidos e casos no exterior, as empresas brasileiras preferem dividir
o dinheiro por vários projetos a
patrocinar exclusivamente. A porcentagem é 77,5% preferindo o co-patrocínio contra 22,5% para a exclusividade.
"A literatura e os casos de sucesso indicam que é mais efetivo um
investimento exclusivo. Mas, sem
retorno, não há essa percepção e
daí a perda de eficácia", disse.
Forma-se, assim, uma grande
"colcha de retalhos" de investimento, segundo Fischer.
Isso significa que as empresas
ainda preferem apostar em vários
segmentos para garantir algum resultado.
O principal adversário da cultura
na luta pelos recursos das empresas é o marketing esportivo. Segundo a pesquisa, 65% das empresas investem nesse setor, enquanto
35% apostam no marketing verde.
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