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São Paulo, quarta-feira, 05 de fevereiro de 2003

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Hollywood nas garras do urso

Divulgação
Richard Gere em "Chicago", que abre amanhã o Festival de Berlim



Festival de Berlim estica o seu tapete vermelho para receber filmes e estrelas do cinema norte-americano

TETÉ RIBEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM NOVA YORK

Com o premiado musical "Chicago" abrindo amanhã os trabalhos, o épico "Gangues de Nova York" pontuando o encerramento e o maior número de filmes na mostra competitiva, a indústria cinematográfica norte-americana dá o tom do 53º Festival de Cinema de Berlim, a Berlinale.
Mesmo com um orçamento mais enxuto, o que resultou em cem filmes e um dia a menos para o evento, a organização resolveu apostar suas fichas nas estrelas hollywoodianas para atrair luzes para o festival.
"Você não pode dizer que elas virão até estarem no tapete vermelho. Mas posso dizer que será um festival recheado de estrelas", afirma o diretor da Berlinale, Dieter Kosslick.
O filme escolhido para iniciar o evento, "Chicago", foi o grande vencedor do Globo de Ouro deste ano, ocorrido no mês passado, onde amealhou três dos principais prêmios. A produção dirigida por Rob Marshall não estará na mostra competitiva em Berlim, não podendo assim confirmar o sucesso de crítica (e de público) que vem conseguindo.
"Chicago" (que estréia no próximo dia 7 de março no Brasil) é uma adaptação para o cinema do musical de Bob Fosse, que estreou na Broadway em 1975 e está em cartaz até hoje. Marca a estréia na direção de Marshall.
Richard Gere vive no filme o advogado Billy Flynn, contratado pela pseudo-ingênua Roxie Hart (Renée Zellweger) e pela cantora Velma Kelly (Catherine Zeta-Jones) para defendê-las. As duas se conhecem na prisão depois de terem sido acusadas de assassinato. A trama é baseada em uma história real na cidade que dá nome ao filme, nos anos 20. Em entrevista à Folha, em Nova York, na época do lançamento do filme nos EUA, Gere afirmou que não é um fã de musicais, e que disse não nas primeiras vezes em que foi convidado a encarnar o cantante e dançante Billy Flynn.
"Só aceitei porque esse não é um musical como os outros, em que as pessoas estão conversando e de repente começam a cantar. Acho ridículo", disse. "O filme resolve esse problema de um jeito muito original e me deixou muito sossegado em relação aos números, pois tudo acontece na imaginação de uma das personagens, e as cenas são cortadas e aparecem no meio das cenas "reais'", diz.
Gere diz que sua desenvoltura já vem da prática em casa. "Canto e danço o dia inteiro em minha casa. Minha mulher [a atriz Carey Lowell] e meu filho não tiveram nenhuma surpresa quando me assistiram na tela. Mas eu nunca tinha sapateado antes, e foi dolorido e humilhante o processo de aprendizagem."
"Treinei todos os dias durante quatro meses, mas só conseguia sapatear por uma hora, uma hora e meia no máximo. É muito cansativo, parece um treino de boxeador profissional. E você não tem absolutamente nenhum controle sobre os seus pés."
Musicais não são exatamente uma novidade na vida do ator, que viveu o personagem principal de "Grease", numa montagem no West End, em Londres, no começo da carreira. "Fiz também uma montagem brilhante de "O Rei e Eu" no colegial", lembra, rindo.
Mas foi a religião budista quem conquistou de vez o coração de Richard Gere. Amigo pessoal de Dalai Lama, fez um discurso em favor do líder budista, chamando a atenção da indústria do cinema para a importância da libertação do Tibete na cerimônia de entrega do Oscar de 1993. Desde então, foi banido da festa.
Este ano, em que tem sérias chances de ser indicado ao prêmio de melhor ator e que com certeza vai ser convidado, já que está no elenco de um dos grandes favoritos, afirmou que pode repetir a ousadia.
"Nunca me arrependi de ter feito o que fiz. Também nunca senti falta de ir às entregas do Oscar depois daquilo. Se for desta vez, posso muito bem decidir na última hora que o certo é falar sobre o tema de novo. Foi espontâneo daquela vez, não tinha planejado nada e se for mesmo convidado este ano não vou planejar nada, vou falar o que estiver pensando na hora" disse.

Com agências internacionais


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