UOL


São Paulo, quarta-feira, 05 de fevereiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OSESP E SOLISTAS

Uma ópera redescoberta

ARTICULISTA DA FOLHA

Dando sequência ao projeto de gravações de compositores brasileiros, a Osesp lança a primeira gravação mundial da ópera "Jupyra", de Francisco Braga (1868-1945).
Braga estudou em Paris com Massenet e viveu depois na Alemanha, onde escutou óperas de Wagner no festival de Bayreuth. As duas influências se fazem escutar em sua música, assim como a dos veristas italianos.
"Jupyra" estreou no Rio, em 1900, com libreto, em italiano, inspirado numa história do sertanista romântico Bernardo Guimarães (1825-1884).
A parte do leão, ou mais propriamente da leoa, cabe à soprano carioca Eliane Coelho, desde 1991 integrante da Staatsoper em Viena, e em grande forma no papel-título. Rosana Lamosa, Mario Carrara e Phillip Joll são companhia e tanto para ela e ressaltam o que há para ser ressaltado numa partitura cheia de momentos bonitos, espaçados na morna vastidão. Lindo coro "escondido" antes do prelúdio (e no meio da cena de amor). Osesp regida por Neschling com cuidado para não passar dos limites, valorizando texturas de câmara.
Dizer que "Jupyra" não é uma obra-prima seria óbvio. Não dizer que a gravação é da maior importância seria injusto. Braga é muito mais do que o compositor do "Hino à Bandeira", e só o descaso gritante com nosso acervo musical explica, mas não justifica, o desconhecimento de sua obra.
Quem disse que a música clássica acabou? No que toca ao Brasil, ela mal começou. (AN)


Jupyra, de Francisco Braga    
Artista: Osesp e solistas
Lançamento: BIS (importado)
Quanto: não-fornecido



Texto Anterior: Quem disse que a música clássica acabou?
Próximo Texto: Rosana Lanzelotte: Sete sonatas, um terremoto
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.