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OSESP E SOLISTAS
Uma ópera redescoberta
ARTICULISTA DA FOLHA
Dando sequência ao projeto
de gravações de compositores brasileiros, a Osesp lança a primeira gravação mundial da ópera
"Jupyra", de Francisco Braga
(1868-1945).
Braga estudou em Paris com
Massenet e viveu depois na Alemanha, onde escutou óperas de
Wagner no festival de Bayreuth.
As duas influências se fazem escutar em sua música, assim como a
dos veristas italianos.
"Jupyra" estreou no Rio, em
1900, com libreto, em italiano, inspirado numa história do sertanista romântico Bernardo Guimarães (1825-1884).
A parte do leão, ou mais propriamente da leoa, cabe à soprano
carioca Eliane Coelho, desde 1991
integrante da Staatsoper em Viena, e em grande forma no papel-título. Rosana Lamosa, Mario
Carrara e Phillip Joll são companhia e tanto para ela e ressaltam o
que há para ser ressaltado numa
partitura cheia de momentos bonitos, espaçados na morna vastidão. Lindo coro "escondido" antes do prelúdio (e no meio da cena
de amor). Osesp regida por Neschling com cuidado para não passar dos limites, valorizando texturas de câmara.
Dizer que "Jupyra" não é uma
obra-prima seria óbvio. Não dizer
que a gravação é da maior importância seria injusto. Braga é muito
mais do que o compositor do "Hino à Bandeira", e só o descaso gritante com nosso acervo musical
explica, mas não justifica, o desconhecimento de sua obra.
Quem disse que a música clássica acabou? No que toca ao Brasil,
ela mal começou.
(AN)
Jupyra, de Francisco Braga
Artista: Osesp e solistas
Lançamento: BIS (importado)
Quanto: não-fornecido
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