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São Paulo, quarta-feira, 05 de fevereiro de 2003

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Quem disse que a música clássica acabou?


Impressão de que não há mais novidades para serem descobertas se dissolve ao som de três gravações

ARTHUR NESTROVSKI
ARTICULISTA DA FOLHA

A pergunta pode não fazer sentido, mas é muito comum pensar no repertório como um conjunto fechado. Por duas razões: não parece possível encontrar novidades, ainda, no cânone riquíssimo do passado; e também não parece necessário escrever mais nada, depois de tudo o que se tem.
O primeiro motivo é fruto da nossa ingenuidade. (A música é sempre muito maior do que se sabe.) O segundo é só expressão de preconceito -e as platéias de música clássica tendem a ser especialmente preconceituosas quando se fala em novidade. O que é paradoxal, porque toda música começou como novidade, para não dizer como vanguarda (de Machaut, no século 14, a Beethoven, no 19; de Mozart, na Idade das Luzes, a Schnittke, nas sombras do presente).
É compreensível que se queira escutar o conhecido. Mas, na prática, isso acaba endurecendo o ouvido, que não é, mas vai ficando de ferro. Enquanto isto, a música continua sempre crescendo, tanto para frente como para trás. É o que se vê em alguns lançamentos recentes: novidades de um dos compositores mais conhecidos da história da música (Josef Haydn), de um quase desconhecido (Francisco Braga) e de um nome propriamente novo (Osvaldo Golijov).


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