Adaptação de sucesso dos EUA tem roteiro mais ingênuo que o original

CHICO FELITTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Se o lançamento de hoje fosse uma prova para "High School Musical -O Desafio", o aluno de película levaria bomba sem direito a exame nem chororô por uma recuperação que seja. Estreia do selo Disney em filme brasileiro, o enlatado é filho da franquia "High School Musical", que gerou três filmes nos EUA desde 2006 e deu à luz os astros Zac Efron e Vanessa Hudgens.
O formato foi reproduzido em estilo linguiça na América Latina: já tinha ganhado subtítulo "El Desafio" em versões mexicana e argentina. E o aluno intercambista desembarca aqui sem conhecer nada do país -ou se importar com isso.
A começar pelas músicas. A canção de abertura, "Novo Ano Começou", parece um grande erro de mixagem saltitado nas ruas do Rio. As vozes até então desafinadas dos vestibulandos (puberdade?) ganham uma ferocidade que mais parece tecla SAP de "Sessão da Tarde", quando empostadas.
Descompasso de aprendizado também rola no roteiro, mais ingênuo e puritano que o gringo. É a somatória da técnica impecável do rato Mickey com um sistema de ensino que não se encaixa nos bancos brasileiros. Mas, em vez de fazer um honesto "Musical do Ensino Médio", optou-se por transformar a equipe de basquete da matriz em um duvidoso time de futebol tupiniquim. E só.

A neta de Francisco
A falta de palco dos protagonistas Olavo Cavalheiro e Renata Ferreira vira "backing vocal" na presença da cantora Wanessa -ex-Camargo. Interpretando a si mesma, a filha do filho de Francisco Zezé di Camargo convence. Faz a estrela bacana que torna à escola para ajudar seus "bichos" em competição musical.
Com conselhos dela, coadjuvantes como Fellipe Guadanucci e Karol Cândido ganham brilho e salvam o final (feliz) da uma hora e meia letiva.
Se prestasse Enem com filmes teen nacionais, "O Desafio" constaria na lista de aprovados. Mas é que, do melhor aluno, espera-se sempre mais.