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ESPECIAL
Festival exibe lirismo de Joaquim Pedro
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Participante do primeiro time
do cinema novo, Joaquim Pedro
de Andrade (1932-1988) construiu uma obra única, marcada
pelo lirismo e pela exaltação de
uma certa brasilidade.
O Festival Joaquim Pedro de
Andrade, que o Canal Brasil inicia
nesta sexta-feira, permitirá o conhecimento ou a revisão de uma
boa parte dessa filmografia pouco
extensa, mas luminosa.
O festival será aberto por um
"Retrato Brasileiro" sobre o próprio cineasta, a cargo de seu amigo Mario Carneiro, fotógrafo de
seus primeiros longas.
Filho do escritor e crítico Rodrigo Melo Franco de Andrade, Joaquim Pedro era afilhado de Manuel Bandeira e conviveu com
gente como Drummond e Pedro
Nava. Vem talvez daí a inspiração
literária de muitos de seus filmes.
Seu primeiro longa de ficção, o
magnífico "O Padre e a Moça"
(1965), é uma tragédia ético-amorosa ambientada numa Minas
profunda e inspirada no poema
homônimo de Drummond. O filme passa dia 21. Já "Macunaíma"
(1969), programado para o dia 29,
é uma deliciosa versão tropicalista
do clássico de Mário de Andrade,
com atuações memoráveis de
Paulo José e Grande Otelo.
Joaquim Pedro não foi tão feliz
ao explorar o universo de Oswald
de Andrade em seu último longa,
"O Homem do Pau-Brasil" (1981),
em que o próprio Oswald é representado por dois atores, Flávio
Galvão e Ítala Nandi.
"Os Inconfidentes" (1972), realizado por ocasião dos 150 anos da
Independência, é uma peça política rigorosa, de matiz brechtiano,
que não condiz muito com o estilo do cineasta. Dos seis longas de
Joaquim Pedro, o único que não
está no festival é "Guerra Conjugal" (1974), saborosa adaptação
dos contos de Dalton Trevisan.
Em compensação, o essencial
"Garrincha, Alegria do Povo"
(1962) está aí para mostrar que o
cineasta também se comovia com
a arte mais popular do futebol.
FESTIVAL JOAQUIM PEDRO DE ANDRADE. Onde: Canal Brasil. Quando:
de sexta (dia 7) a 11/4, a partir das 23h.
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