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São Paulo, quarta-feira, 05 de março de 2003

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PERSONALIDADE

Cantora, que fez sucesso entre 58 e 62 e deixou a carreira para se casar, sofria de câncer

Morre Celly Campello, pioneira do rock

DA FOLHA CAMPINAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma das pioneiras do rock brasileiro, a cantora e compositora Celly Campello, morreu no início da tarde de ontem, aos 60 anos, de câncer, em Campinas.
Com canções como "Estúpido Cupido", "Banho de Lua" e "Broto Legal", todas versões de rocks estrangeiros, Celly fez sucesso no final da década de 50 e no início dos anos 60.
O corpo da cantora está sendo velado desde ontem à noite. O enterro está marcado para as 10h de hoje, no cemitério do Flamboyant, também em Campinas.
Celly Campello, nome artístico de Célia Campello Gomes Chacon, convivia com o câncer desde 96. Ela estava internada havia 20 dias no hospital Samaritano e morreu às 12h50 de ontem. A administração do hospital não se manifestou sobre sua morte. Nenhum membro da família da cantora foi encontrado ontem para falar sobre o assunto.
Ontem, em Salvador, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, falou sobre a morte de Celly: "Tenho até uma música que fala nela. É "Back in Bahia" ["Lá em Londres, vez em quando me sentia longe daqui/ vez em quando, quando me sentia longe, dava por mim/ puxando o cabelo/ nervoso, querendo ouvir Celly Campello pra não cair/ naquela fossa'". Hoje à noite [ontem], vou fazer uma homenagem a ela no meu trio elétrico".
A cantora morava em Campinas havia mais de 30 anos com o marido, Eduardo Gomes Chacon, com quem teve dois filhos.
Participando da fundação do rock nacional como única mulher entre artistas como seu irmão Tony Campello, Sergio Murilo e Ronnie Cord, Celly se iniciou no rock ainda adolescente, aos 15 anos.
Entre 58 e 62, virou ídolo da juventude, apresentou um programa na TV Record e serviu de inspiração para uma fábrica de brinquedos lançar a boneca Celly, juntamente com o LP "A Bonequinha que Canta" (60).
Além da carreira de cantora, Celly Campello atuou como atriz. Em 60, ao lado de seu irmão Tony, participou do filme "Jeca Tatu", de Mazzaropi, em que cantaram "Tempo para Amar", um rock de Fred Jorge e Mário Genari Filho.
Quando se casou, em 62, Celly decidiu abandonar a carreira musical ainda em pleno sucesso para se dedicar unicamente à vida familiar.
Ensaiou um retorno em 1968, motivado pela febre da jovem guarda de Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa. A própria jovem guarda, descendente direta de Celly, já vinha decadente, e a volta foi efêmera.
A artista ainda experimentou uma retomada em 1976, quando a novela da Globo "Estúpido Cupido" fez sucesso com uma trama ambientada nos tempos roqueiros do final da década de 50.
Naquele ano, Celly lançou um LP que continha novas versões para "Estúpido Cupido" e "Banho de Lua" e seria seu último disco gravado.
Nos últimos anos, só interrompeu o afastamento para participar de programas como "Ensaio", da TV Cultura, e "Repórter Record", da TV Record.


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