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PERSONALIDADE
Cantora, que fez sucesso entre 58 e 62 e deixou a carreira para se casar, sofria de câncer
Morre Celly Campello, pioneira do rock
DA FOLHA CAMPINAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma das pioneiras do rock
brasileiro, a cantora e compositora Celly Campello, morreu no
início da tarde de ontem, aos 60
anos, de câncer, em Campinas.
Com canções como "Estúpido
Cupido", "Banho de Lua" e
"Broto Legal", todas versões de
rocks estrangeiros, Celly fez sucesso no final da década de 50 e
no início dos anos 60.
O corpo da cantora está sendo
velado desde ontem à noite. O
enterro está marcado para as 10h
de hoje, no cemitério do Flamboyant, também em Campinas.
Celly Campello, nome artístico
de Célia Campello Gomes Chacon, convivia com o câncer desde 96. Ela estava internada havia
20 dias no hospital Samaritano e
morreu às 12h50 de ontem. A
administração do hospital não
se manifestou sobre sua morte.
Nenhum membro da família da
cantora foi encontrado ontem
para falar sobre o assunto.
Ontem, em Salvador, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, falou sobre a morte de Celly: "Tenho até uma música que fala nela. É "Back in Bahia" ["Lá em Londres, vez em quando me sentia
longe daqui/ vez em quando,
quando me sentia longe, dava
por mim/ puxando o cabelo/
nervoso, querendo ouvir Celly
Campello pra não cair/ naquela
fossa'". Hoje à noite [ontem],
vou fazer uma homenagem a ela
no meu trio elétrico".
A cantora morava em Campinas havia mais de 30 anos com o
marido, Eduardo Gomes Chacon, com quem teve dois filhos.
Participando da fundação do
rock nacional como única mulher entre artistas como seu irmão Tony Campello, Sergio Murilo e Ronnie Cord, Celly se iniciou no rock ainda adolescente,
aos 15 anos.
Entre 58 e 62, virou ídolo da juventude, apresentou um programa na TV Record e serviu de inspiração para uma fábrica de
brinquedos lançar a boneca
Celly, juntamente com o LP "A
Bonequinha que Canta" (60).
Além da carreira de cantora,
Celly Campello atuou como
atriz. Em 60, ao lado de seu irmão Tony, participou do filme
"Jeca Tatu", de Mazzaropi, em
que cantaram "Tempo para
Amar", um rock de Fred Jorge e
Mário Genari Filho.
Quando se casou, em 62, Celly
decidiu abandonar a carreira
musical ainda em pleno sucesso
para se dedicar unicamente à vida familiar.
Ensaiou um retorno em 1968,
motivado pela febre da jovem
guarda de Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa. A própria jovem guarda, descendente
direta de Celly, já vinha decadente, e a volta foi efêmera.
A artista ainda experimentou
uma retomada em 1976, quando
a novela da Globo "Estúpido Cupido" fez sucesso com uma trama ambientada nos tempos roqueiros do final da década de 50.
Naquele ano, Celly lançou um
LP que continha novas versões
para "Estúpido Cupido" e "Banho de Lua" e seria seu último
disco gravado.
Nos últimos anos, só interrompeu o afastamento para participar de programas como "Ensaio", da TV Cultura, e "Repórter Record", da TV Record.
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