São Paulo, quinta-feira, 05 de março de 2009

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Não li a HQ e gostei do filme

Adaptação atualiza velha máquina hollywoodiana

RICARDO CALIL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Se observarmos as duas adaptações de HQs mais ambiciosas do cinema recente, veremos que elas têm conceitos quase opostos.
"Batman - O Cavaleiro das Trevas" buscava um caráter realista e uma aura de respeitabilidade para os filmes de super-herói. Já "Watchmen" quer ser um representante digital da velha máquina de sonhos hollywoodiana e passear por questões sérias sem perder de vista o objetivo de impressionar os olhos com seus artifícios. Muito longe de ser um trabalho sem defeitos, o filme de Zack Snyder tem o mérito de cumprir essa proposta.
Para chegar a um equivalente, talvez precisemos voltar aos épicos de Cecil B. DeMille, como "Os Dez Mandamentos" (1956): um filme de estúdio em que os elementos de produção sobressaem; uma crítica ambígua ao totalitarismo (pois se beneficia da espetacularização da violência), na qual os heróis são um grupo escolhido e perseguido; marcado por um sentimento genérico de religiosidade (e é preciso dizer que alguns fãs tratam a graphic novel com o fundamentalismo com que certos fiéis leem a Bíblia).
"Watchmen" consegue representar o passado e o presente do cinema, e Snyder, após o inclassificável "300", revela-se candidato aceitável para o cargo de DeMille dos anos 2000.


Avaliação: bom


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