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Não li a HQ e gostei do filme
Adaptação atualiza velha máquina hollywoodiana
RICARDO CALIL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Se observarmos as duas
adaptações de HQs mais
ambiciosas do cinema
recente, veremos que elas têm
conceitos quase opostos.
"Batman - O Cavaleiro das
Trevas" buscava um caráter
realista e uma aura de respeitabilidade para os filmes de super-herói. Já "Watchmen"
quer ser um representante digital da velha máquina de sonhos hollywoodiana e passear
por questões sérias sem perder
de vista o objetivo de impressionar os olhos com seus artifícios. Muito longe de ser um trabalho sem defeitos, o filme de
Zack Snyder tem o mérito de
cumprir essa proposta.
Para chegar a um equivalente, talvez precisemos voltar aos
épicos de Cecil B. DeMille, como "Os Dez Mandamentos"
(1956): um filme de estúdio em
que os elementos de produção
sobressaem; uma crítica ambígua ao totalitarismo (pois se
beneficia da espetacularização
da violência), na qual os heróis
são um grupo escolhido e perseguido; marcado por um sentimento genérico de religiosidade (e é preciso dizer que alguns
fãs tratam a graphic novel com
o fundamentalismo com que
certos fiéis leem a Bíblia).
"Watchmen" consegue representar o passado e o presente do cinema, e Snyder, após o
inclassificável "300", revela-se
candidato aceitável para o cargo de DeMille dos anos 2000.
Avaliação: bom
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