São Paulo, quinta, 5 de março de 1998

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CINEMA
Godzilla 98 não é nostálgico, diz diretor

da Reportagem Local

Na época do lançamento de "Independence Day", quando Roland Emmerich e Dean Devlin visitaram inúmeros países para promover o megasucesso alienígena, a dupla sempre ouvia as mesmas perguntas no final das entrevistas: "O que vem depois? É possível fazer um filme maior que 'ID'?".
"Depois de tanto remoer o que poderia causar ainda mais impacto do que uma invasão extraterrestre, chegamos à conclusão de que a única resposta era Godzilla", contou o produtor e co-roteirista Dean Devlin, 35, em entrevista à Folha concedida por telefone, de Los Angeles.
Fã do monstro japonês desde criança, Devlin disse que a proposta do filme nunca foi ressuscitar Godzilla em uma nova sequência. "Quando se trata de um clássico, você deve reinventá-lo ou simplesmente deixá-lo em paz". Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista.

Folha - A precariedade da produção sempre caracterizou os filmes de Godzilla. Como você acha que os fãs vão receber essa versão high-tech?
Dean Devlin -
O monstro original era limitado em termos tecnológicos. Hoje em dia, com a animação digital, podemos fazer qualquer coisa parecer absolutamente convincente nas telas.
Estamos tirando vantagem do avanço na área de efeitos especiais para recriar Godzilla, apresentando-o como uma criatura muito mais rápida, ágil, assustadora, trapaceira e mortal.
Ao reinventar o monstro, estamos, por outro lado, retornando sua essência, buscando aquilo que os criadores tinham em mente no passado. Não queremos que os fãs fiquem nostálgicos do antigo monstro, mas sim que sintam a mesma excitação das pessoas que viram Godzilla pela primeira vez.
Folha - Foi por isso que vocês rejeitaram o roteiro que já existia no estúdio (e que, a princípio, seria dirigido por Jan De Bont, de "Velocidade Máxima" e "Twister")?
Devlin -
Sim. O roteiro era muito bem escrito, mas não passava de uma sequência atualizada de Godzilla. Nós preferimos tratar o monstro como se ninguém nunca tivesse visto ou ouvido falar dele antes. É por isso que buscamos um visual completamente diferente para marcar esse renascimento.
Folha - Como o estúdio Toho, que detém os direitos sobre Godzilla, reagiu ao novo design?
Devlin -
No começo, os executivos ficaram receosos, já que a imagem da criatura não havia sido radicalmente alterada nos últimos 40 anos. Mas eles ficaram entusiasmados com a possibilidade de o monstro ser recriado com efeitos especiais tão avançados e acabaram nos apoiando 100%.
Folha - Quais são os superpoderes dessa nova criatura. Ela vai mesmo botar 150 ovos?
Devlin -
Não estamos revelando nada que faça parte do desenvolvimento da história.
Folha - É verdade que vocês participaram da criação da campanha publicitária para garantir que a imagem de Godzilla não fosse revelada?
Devlin -
Sim, o que é raro em Hollywood. Nós trabalhamos em conjunto, evitando que a publicidade fosse apenas uma exploração do filme, mas sim uma extensão dele. A mensagem ficou mais consistente, e a qualidade, superior.
A decisão de não mostrar o visual do monstro em nenhuma peça promocional foi desafiadora. Isso acabou gerando uma das campanhas mais criativas dos últimos anos. Criando esse "teaser", deixamos o público ainda mais curioso para ver Godzilla e aumentamos as expectativas em torno do filme.
(ELAINE GUERINI)



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