|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA
DJ inglês toca speed garage em São Paulo
LEANDRO FORTINO
free-lance para a Folha
Quem frequentou as pistas de
dança no fim dos anos 80 certamente ferveu muito ao som de
"Pump Up the Volume". O hit
pertencia ao M/A/R/R/S, um projeto do cultuado selo inglês 4AD,
antiga casa de artistas como Bauhaus, Pixies e Cocteau Twins.
O single da música estourou no
mundo inteiro, ultrapassando a
marca de 1 milhão de cópias vendidas só nos EUA. Na Inglaterra,
ele chegou ao topo da parada britânica em setembro de 87 e encheu
de dinheiro os cofres do 4AD.
Para muitos, a formação do grupo continua um mistério. Mas a
oportunidade de desvendá-lo chega hoje ao Brasil, quando o DJ inglês C. J. Mackintosh assume as
"pick-ups" do clube Florestta, em
São Paulo. Ele vem dentro do projeto que está trazendo ao país o
elenco do clube Ministry of Sound
(leia texto ao lado).
Ao lado de integrantes dos grupos Colourbox e A. R. Kane (ambos do 4AD), Christopher John
Mackintosh, 32, criou as colagens
de samples que fizeram de "Pump
Up the Volume" uma das músicas
pioneiras do movimento dance.
"Meu parceiro conhecia os caras
do M/A/R/R/S. Nos divertimos
muito fazendo a música. Muitos
dos sons de "Pump Up the Volume' são samples de grupos como
Public Enemy e Eric B and Rakim.
Depois do lançamento desse single, leis que regulamentam o uso
de samples passaram a ser criadas
e aplicadas", conta ele.
O sucesso da música pode se repetir neste ano, já que há a intenção de um relançamento, mas,
desta vez, com autorização legal
de todas as músicas que foram
"roubadas" em 87.
"Há uma nova geração de garotos que não conheceu "Pump Up
the Volume'. Então, é uma boa
oportunidade para aqueles que tinham 10 anos na época e nunca
ouviram a música. Se os remixes
forem bons, o single pode até voltar a fazer sucesso", diz o DJ.
Depois do estouro mundial, C. J.
Mackintosh se tornou um dos
produtores de remix mais requisitados da house music, tendo em
seu currículo mais de 150 remixes
de artistas conhecidos, como De
La Soul, Tina Turner, Janet Jackson, Simple Minds e Sly & Robbie.
Muitos desses remixes chegaram
a superar a versão original, como
foi o caso de "Queen of the Night",
da cantora Whitney Houston. "Foi
muito difícil remixar essa faixa.
Era uma música de rock, do filme
"O Guarda-Costas', e tive de transformá-la em house. Fiquei no estúdio por cinco dias."
Longe dos estúdios há oito meses, C. J. Mackintosh preferiu deixar de lado seu trabalho como
produtor. "Quero me dedicar mais
à profissão de DJ. Além disso, é
muito desgastante passar mais de
12 horas por dia, durante três ou
quatro dias, enfurnado em uma
sala ouvindo a mesma música."
C. J. Mackintosh está trazendo
ao Brasil cerca de cem discos, quase todos dentro da última novidade das pistas inglesas, o speed garage.
"É difícil definir o estilo. Acho
que é uma mistura de house com
drum'n'bass. Ele já rola na Inglaterra desde o começo do ano passado", afirma.
Hoje, a popularidade de um DJ é
tanta que muita gente dança
olhando diretamente para a cabine onde estão os toca-discos.
"Muitas vezes é difícil para mim.
Estou tocando discos e tento colocar a música certa para fazer dançar. Enquanto isso, as pessoas ficam olhando para mim. Penso: "O
que elas esperam que eu faça?'
Posso fazer truques nas "pick-ups',
mas é o máximo que consigo."
O quê: apresentação do DJ C. J. Mackintosh
Onde: Florestta (r. Funchal, 500, Vila
Olímpia, São Paulo, SP, tel. 011/822-8891)
Quando: hoje, a partir das 22h
Quanto: consumação de R$ 25 a R$ 40
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|