São Paulo, quinta, 5 de março de 1998

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MÚSICA
DJ inglês toca speed garage em São Paulo

LEANDRO FORTINO
free-lance para a Folha

Quem frequentou as pistas de dança no fim dos anos 80 certamente ferveu muito ao som de "Pump Up the Volume". O hit pertencia ao M/A/R/R/S, um projeto do cultuado selo inglês 4AD, antiga casa de artistas como Bauhaus, Pixies e Cocteau Twins.
O single da música estourou no mundo inteiro, ultrapassando a marca de 1 milhão de cópias vendidas só nos EUA. Na Inglaterra, ele chegou ao topo da parada britânica em setembro de 87 e encheu de dinheiro os cofres do 4AD.
Para muitos, a formação do grupo continua um mistério. Mas a oportunidade de desvendá-lo chega hoje ao Brasil, quando o DJ inglês C. J. Mackintosh assume as "pick-ups" do clube Florestta, em São Paulo. Ele vem dentro do projeto que está trazendo ao país o elenco do clube Ministry of Sound (leia texto ao lado).
Ao lado de integrantes dos grupos Colourbox e A. R. Kane (ambos do 4AD), Christopher John Mackintosh, 32, criou as colagens de samples que fizeram de "Pump Up the Volume" uma das músicas pioneiras do movimento dance.
"Meu parceiro conhecia os caras do M/A/R/R/S. Nos divertimos muito fazendo a música. Muitos dos sons de "Pump Up the Volume' são samples de grupos como Public Enemy e Eric B and Rakim. Depois do lançamento desse single, leis que regulamentam o uso de samples passaram a ser criadas e aplicadas", conta ele.
O sucesso da música pode se repetir neste ano, já que há a intenção de um relançamento, mas, desta vez, com autorização legal de todas as músicas que foram "roubadas" em 87.
"Há uma nova geração de garotos que não conheceu "Pump Up the Volume'. Então, é uma boa oportunidade para aqueles que tinham 10 anos na época e nunca ouviram a música. Se os remixes forem bons, o single pode até voltar a fazer sucesso", diz o DJ.
Depois do estouro mundial, C. J. Mackintosh se tornou um dos produtores de remix mais requisitados da house music, tendo em seu currículo mais de 150 remixes de artistas conhecidos, como De La Soul, Tina Turner, Janet Jackson, Simple Minds e Sly & Robbie.
Muitos desses remixes chegaram a superar a versão original, como foi o caso de "Queen of the Night", da cantora Whitney Houston. "Foi muito difícil remixar essa faixa. Era uma música de rock, do filme "O Guarda-Costas', e tive de transformá-la em house. Fiquei no estúdio por cinco dias."
Longe dos estúdios há oito meses, C. J. Mackintosh preferiu deixar de lado seu trabalho como produtor. "Quero me dedicar mais à profissão de DJ. Além disso, é muito desgastante passar mais de 12 horas por dia, durante três ou quatro dias, enfurnado em uma sala ouvindo a mesma música."
C. J. Mackintosh está trazendo ao Brasil cerca de cem discos, quase todos dentro da última novidade das pistas inglesas, o speed garage.
"É difícil definir o estilo. Acho que é uma mistura de house com drum'n'bass. Ele já rola na Inglaterra desde o começo do ano passado", afirma.
Hoje, a popularidade de um DJ é tanta que muita gente dança olhando diretamente para a cabine onde estão os toca-discos.
"Muitas vezes é difícil para mim. Estou tocando discos e tento colocar a música certa para fazer dançar. Enquanto isso, as pessoas ficam olhando para mim. Penso: "O que elas esperam que eu faça?' Posso fazer truques nas "pick-ups', mas é o máximo que consigo."


O quê: apresentação do DJ C. J. Mackintosh Onde: Florestta (r. Funchal, 500, Vila Olímpia, São Paulo, SP, tel. 011/822-8891) Quando: hoje, a partir das 22h Quanto: consumação de R$ 25 a R$ 40


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