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Aos 72 anos, Noite Ilustrada volta a gravar; outros lançamentos recuperam história de artistas "da antiga"
Jovem velha-guarda
"Conheci a subida e a descida, agora estou aqui embaixo, tentando subir de novo", afirma cantor mineiro
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando, no auge da mocidade e
do sucesso, o mineiro Noite Ilustrada cantava os versos de Paulo
Vanzolini -"reconhece a queda
e não desanima/ levanta, sacode a
poeira e dá a volta por cima"-,
não imaginava que estava falando
do seu próprio futuro.
O tempo passou, a bossa nova
chegou, e ele -com todos os seus
pares, a partir dali denominados
de "velha-guarda"- conheceu a
queda. "Houve fases em que artisticamente eu tinha vontade de desistir. Mas ia fazer o quê?", indaga,
do alto de seus 72 anos.
Nova subida de gangorra ele
atinge agora, pelas mãos jovens
da gravadora Trama e pelas experientes do produtor musical Fernando Faro (do programa de TV
"Ensaio"), 64. E "Perfil de um
Sambista" não evita o assunto.
Começa com a faixa-título, que
o autor (já morto) Adauto Santos
fez para ele: "Eu sou/ um dos poucos que restam com fama de bamba/ sou marca de um tempo (...)/
Chorei/ já caí, levantei, conheci a
descida/ aprendi bem depressa as
lições dessa vida/ (...) falsos amigos, falsos amores, falsa canção
feita sem rima/ tudo é passado tudo acabado, é a volta por cima".
Conta Noite: "Adauto disse que
havia feito essa homenagem, e
quando vi não era que era mesmo
um rascunho da minha vida? Entrou até um pouco da vida particular, tudo isso de falsos amigos e
amores existiu mesmo. Acredito
que seja assim. Já vi tantos foguetes, me admiro de Roberto Carlos
estar até hoje na crista da onda".
A idéia é rejuvenescer sem piruetas o samba de vozeirão do
cantor. "Os arranjos do (trombonista) Bocato e do (baixista) Sizão
Machado dão uma leitura nova,
no sentido de que temos uma formação que não é a orquestra de
Portinho", explica Faro.
"Enraizei-me com orquestra e
regional, mas aqui é outra roupagem, com um conjuntinho médio, mas muito bem colocado.
Não posso opinar na parte musical, meu negócio é cantar", atalha
Noite.
Faro defende a novidade em
Noite: "Não acho o disco dele antigo. Tom Jobim me disse que só
gravava no Brasil porque a matriz
americana obrigava a PolyGram
daqui a gravá-lo no Brasil. É tanta
gente que não grava mais, Johnny
Alf, Tito Madi...".
"...Roberto Silva, Jamelão, Paulo Marquez, Miltinho... Um bocado de colegas ficou completamente esquecido. Parece que a
gente é jogador de futebol, em determinada hora nos encostam",
completa Noite Ilustrada.
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