|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LIVROS
Evento será versão brasileira do Hay-on-Wye Festival e quer trazer José Saramago, J.M. Coetzee e Salman Rushdie
Parati deve sediar feira literária britânica
DA REDAÇÃO
A pequena cidade de Hay-on-Wye (Y Gelli, em galês), no País de
Gales, tem cerca de 2.500 habitantes, mais de 40 livrarias, muita
chuva e lama durante o ano, além
de um passado de guerras por relembrar -o local fica perto da
fronteira com a Inglaterra e conserva um castelo medieval castigado por batalhas e incêndios ao
longo do tempo.
Em julho de 2003, um pedacinho desse prosaico vilarejo britânico deve desembarcar no Brasil.
A cidade carioca de Parati prepara-se para receber uma versão do
festival literário de Hay-on-Wye.
O projeto, que ainda depende
de patrocínio, pretende reunir alguns nomes de peso da literatura
contemporânea. Sondagens já foram feitas a escritores como o
português José Saramago, o sul-africano J.M. Coetzee, o mexicano
Carlos Fuentes, o anglo-indiano
Salman Rushdie e o britânico Michael Ondaatje.
O evento não será uma feira de
livros como as bienais do Rio ou
de São Paulo, tampouco terá
qualquer semelhança com encontros como a Feira de Frankfurt
-voltada aos negócios internacionais entre editoras.
A idéia do festival de Parati é
reunir escritores para leitura de
suas obras, palestras, tardes de
autógrafos e sessões em que os
autores são convidados a ler trechos dos livros de seus colegas.
O festival deve tomar edifícios
do centro histórico de Parati, igrejas, teatros, além de um palco a ser
montado para a ocasião.
A ponte entre as duas cidades
turísticas está sendo armada por
Liz Calder, da editora britânica
Bloomsbury -que representa,
entre outros autores, J.K. Rowling
("Harry Potter") e Margaret Atwood (vencedora do Booker Prize
em 2000)-, e por um grupo de
editoras brasileiras.
Calder, fã da literatura brasileira, viveu no Brasil nos anos 60 e
hoje passa parte do ano em Londres, parte em Parati, onde tem
uma casa no centro histórico.
"A literatura brasileira é maravilhosa, mas falta divulgação. Na
Inglaterra, por exemplo, onde a
indicação de bons autores é feita
na base do boca-a-boca, os autores brasileiros são muito pouco
traduzidos", diz Calder.
Segundo ela, a idéia é fechar o
número de autores no evento
(que deve se chamar Festival Literário de Parati) em 12 estrangeiros
e 25 brasileiros.
O festival de Hay-on-Wye nasceu há 15 anos como um encontro
pequeno. Hoje, dura mais ou menos três semanas, atrai cerca de 40
mil pessoas e costuma reunir nomes da linha de frente da literatura britânica, como Martin Amis e
Ian McEwan. Também passaram
por lá os brasileiros Amir Klink,
Patricia Melo e Milton Hatoum.
No ano passado, Hay-on-Wye recebeu o ex-presidente Bill Clinton
e o ex-beatle Paul McCartney. Para a edição deste ano, que vai do
dia 31 de maio a 9 de junho, foram
convidados William Boyd, Helen
Fielding e outros.
(SYLVIA COLOMBO)
Texto Anterior: "Cine Majestic": Filme indaga a identidade nacional Próximo Texto: Carlos Heitor Cony: O amor quando há urgência e pouco espaço Índice
|