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Visitantes passeiam pelo estande da Itália, que especialmente desenvolvido pelo arquiteto Paolo Portoghesi para a 15ª Bienal do Livro

Estandes de outros países ampliam suas atividades, trazem mais livros e viram um dos principais destaques da 15ª Bienal

ALVARO MACHADO
especial para a Folha

Os "estrangeiros" respondem pelo quadrilátero que ocupa, nesta Bienal, o último terço do pavilhão azul, próximo à saída. E também por alguns dos estandes mais movimentados do evento, em visitantes e faturamento.
Em especial Portugal, Grã-Bretanha e França souberam interpretar sinais positivos na Bienal de 96 e ampliaram suas representações em 50% ou mais, seja em número de editoras, títulos ou espaço físico. Preços razoáveis, alguns chamarizes promocionais e diversidade de títulos são os componentes da fórmula de sucesso.
"É a maior reunião de editoras inglesas da história das bienais (34), e a resposta do público está além de qualquer expectativa", diz Celso Fonseca, da distribuidora M&F, parceira do estande da Grã-Bretanha.
Nessa área, pilhas de livros de bolso Penguin Popular Classics têm de ser alimentadas várias vezes por dia, escoando um estoque de 12 mil volumes, a R$ 3 cada. São 200 títulos, entre Shakespeare, romance e poesia.
O "pocket boom" inglês está sendo detonado ainda com uma coleção de 200 títulos da editora Wordsworth (R$ 7 cada).
O estande britânico privilegia ainda culinária: italiana ou francesa, dietética, calórica, há de tudo, até cozinha inglesa (a bela edição "Delicious Home Cooking", ed. Conran Octopus, 192 págs., R$ 38). Irresistível é o preço de "Complete Oscar Wilde" (864 págs., Tiger Books, R$ 29,50), com ilustrações e fotos.
Confira ainda a coleção "Lola", de tradução de autores latino-americanos, da Oxford, com romances de Machado de Assis ("Brás Cubas" e "Dom Casmurro", R$ 30 cada), além de duas ótimas antologias: ensaios e contos clássicos (500 págs., R$ 45,00 cada). Há também as bem cuidadas edições de arte da Phaidon, importação inédita no Brasil.

Compre três, pague dois
Portugal compõe um dos maiores módulos da Bienal, com 500 m2, 14 estandes, 12 mil títulos e mais de 200 editoras. Uma das maiores afluências de público está sendo provocada pela livraria Paisagem, que trouxe grande parte do catálogo da editora de arte alemã Taschen (muitos com textos em português) e faz promoção: "compre três, pague dois" (nos 34 títulos da "série fina" de pintores, a R$ 15,90 cada).
A Paisagem representa ainda editoras como a Texto, que, em conjunto com a Casa Fernando Pessoa, produziu o CD-Rom "MultiPessoa" (1997), com quase toda a obra do poeta, videoclipes, poemas em áudio, biografia e citações críticas. Custa R$ 99.
Pessoa em papel, boa edição e poucos reais? Vá ao estande da livraria Arco-Íris e confira os 15 títulos do autor pela editora Ática: custam de R$ 8 ("Mensagem", 110 págs.) a R$ 23 ("Páginas de Estética", 381 págs.). Atualmente, a editora Assírio Alvim detém os direitos sobre a obra do autor (há 3 títulos, de R$ 12 a R$ 15, além das "Cartas de Amor de Ofélia a Pessoa", R$ 25, 334 págs.).
Quadrinhos com ótima qualidade de impressão estão no pequeno estande da Meribérica/Liber. Os 62 episódios de Lucky Luke (Morris e Goscinny) custam R$ 8 cada. Há ainda o desenho primoroso do galego Miguelanxo Prado em histórias como "Pedro e o Lobo" (32 págs., R$ 10) e "Carta de Lisboa" (72 págs., R$ 20). O estande tem ainda humor (Wolinski), erótico (Milo Manara), fantástico (Enki Bilal, Moebius) e outros.
Garimpar os lusos dá resultados em qualquer área. Farmacopéia, por exemplo, conta com os refinados desenhos de "Plantas Medicinais", traduzido do tcheco (ed. Inquérito, 320 págs., R$ 102). Uma completa "História de Portugal", em 11 volumes (cerca de 500 págs. e R$ 150 cada), dirigida por José Mattoso, está no box da Estampa.
A conceituada editora Fondo de Cultura Econômica, mexicana, privilegia literatura este ano. A melhor escolha são as obras completas de Octavio Paz, ou melhor, 11 volumes já publicados de uma série de 14 (cerca de 600 págs. e R$ 50 cada). Cartão ClubeFolha ganha 20% de desconto no estande.
A Itália tem área de 220 m2 com design assinado pelo arquiteto Paolo Portoghese e vitrine com livros do século 17. É muito espaço para poucos livros, a preços nada modestos.
Como considerar "caro", entretanto, os R$ 210 que se paga para levar "Do Not Disturb" (330 págs., Leonardo Arte), exemplar da série do estilista Gianni Versace que é uma espécie de jóia das artes gráficas? Estão disponíveis também outros quatro volumes da coleção Versace, incluindo o fetiche "L'Uomo Senza Cravatta" (258 págs., R$ 180).
O maior destaque italiano é a parte de livros de arte da editora Electa, cerca de 50 títulos, de Bernini a Morandi, mas os preços podem soar proibitivos. Em CD-Rom, há títulos sobre museus, arquitetura, pintores etc. (R$ 150 em média, cada), além de uma sofisticada produção sobre a restauração dos afrescos da Capella Sistina (ed. Museu do Vaticano).
Amanhã, os italianos realizam videoconferência ao vivo com Dario Fo, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 97, que responderá perguntas durante 40 minutos (a partir das 19h30).
A maioria das obras no estande da França não chegou às "livrarias francesas" de São Paulo. Em relação a 96, o estande aumentou em mais de 100% a oferta de títulos e gêneros.
Literatura e 30 títulos do HQ Asterix (R$ 20,00 cada) estão entre os mais vendidos. À espera de comprador encontram-se alguns exemplares que mais parecem obras de arte em si, os "beaux livres". Entre eles, quatro volumes da série "L'Art Français", de André Chastel (média de 350 págs., R$ 220 cada).
Mais em conta é a coleção em pequeno formato "Mémoire de la Mode" (ed. Assouline, 1997, vários autores), com diagramação moderna e comentando vinte criadores, de Schiaparelli a Gaultier (80 págs. e R$ 37 cada).
No mesmo estilo, a nova coleção "L'ABCdaire", da Flammarion, merece ser pesquisada: são dezenas de títulos sobre arte, pintores, desertos, rosas, cães etc. (120 págs., R$ 21 cada).
O estande de editores espanhóis tem poucos livros, que não estão à venda. Tem-se melhor sorte na Letraviva, que destaca obras de Garcia Lorca.

Brecht, partituras e infantis
Se você é leitor da língua de Goethe, o espaço da Alemanha tem as obras completas de Bertolt Brecht, cujos cem anos de nascimento se comemoram este ano.
São 30 volumes (teatro, poesia, escritos, diários, cartas, da ed. Suhrkamp, cada um com cerca de 600 págs. e a R$ 70), que podem ser encomendados no estande, com a livraria Revisal. Partituras em edição Urtext-Henle (a partir de R$ 17) e livros infantis são outras boas opções.
Entre as livrarias e distribuidoras, a Disal está vendendo uma série de oito minidicionários temáticos Webster (negócios, medicina, computador, geral etc.) a R$ 18.
E a carioca livraria da Travessa dispõe dos formidáveis "Philosophiques" (Universes, Ouevres, Notions), dicionários das edições PUF em 5 volumes, pela metade do preço de 96 (média de R$ 600 cada).



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