São Paulo, terça, 5 de maio de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GENIVAL LACERDA

da Reportagem Local

O velho pândego Genival Lacerda é outro que oscila entre o comercialismo espontâneo e o marketing pasteurizado em seu "Tributo a Jackson do Pandeiro".
Render-se aos cocos e emboladas do mestre paraibano Jackson do Pandeiro (1919-1982) é e não é natural para Genival. É, porque ele é fruto da terra e porque, como ele mesmo ressalta, seu irmão era casado com a irmã de Jackson.
Não é, porque Genival sempre optou por outra linha, desabusada, desavergonhada mesmo, de exploração da imagem barriguda e das letras maldosas.
Neste tributo, então, é forçado a parecer bem mais sério que de costume, por mais farrista que seja o repertório de Jackson. O resultado passa longe do genial, até porque Genival não tem mais que um fiapinho de voz.
Sobram -e não é pouco- muitos dos clássicos cantados por Jackson, puxados pelas composições impagáveis de Rosil Cavalcanti -"Sebastiana" (Gal Costa gravou em 69), "Forró de Zé Lagoa", "Forró na Gafieira", "Na Base da Chinela", "Quadro-Negro" (as duas últimas em parceria com Jackson).
A lista é longa: "O Canto da Ema", "Cantiga do Sapo", "Falso Toureiro" (todas regravadas pelo fã inveterado Gilberto Gil), "Um a Um", "Baião do Bambolê", "Mané Gardino", "Secretária do Diabo", "Lamento de Cego"...
Arranjado e tocado com vontade, este não é ainda o tributo vigoroso que Jackson mais que merece. Mas é homenagem de cabra arretado para cabra arretado, logo respeitável. Não é para mauricinho, ao menos. (PAS)

Disco: Tributo a Jackson do Pandeiro Artista: Genival Lacerda Lançamento: RGE Quanto: R$ 18, em média


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.