São Paulo, terça, 5 de maio de 1998

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REPERCUSSÃO

Márika Gidalli, 61, diretora-fundadora do Ballet Stagium - "Estávamos todos (do grupo Stagium) reunidos para ver a matéria sobre a chegada do grupo Kirov, quando percebemos a gafe. Acho que colocar a dança nesse patamar é, no mínimo, desmerecê-la. No Brasil, fazemos um trabalho pesado para tirar o preconceito que existe contra a dança. E todo esse trabalho vai por água abaixo num caso desses".

Luiz Mott, 52, presidente do Grupo Gay da Bahia - "Fora do ar, muitas pessoas perdem os escrúpulos, e caem as máscaras, mostrando o preconceito anti-homossexual. De fato, no Ocidente, o balé deve muito aos homossexuais. Há vários exemplos de bailarinos que assumiram, como o Rudolf Nureyev e Paul Taylor. Mas o comentário dele reflete mais um preconceito contra a arte".

Raimundo Pereira, 37, vice-presidente do Grupo Gay Atobá - "Ele deve, no mínimo, pedir desculpas publicamente. O Pedro Bial já morou na Europa, e eu pensava que isso não poderia partir de uma pessoa como ele, que é casado com uma atriz. Vamos conversar com nossos advogados e ver se é possível entrar com uma ação".

Hulda Bittencurt, fundadora e diretora do Grupo Cisne Negro - "Se houve o comentário, isso é grave. O balé não é necessariamente uma coisa de homossexual. É só assistir aos espetáculos do Cisne Negro para comprovar isso. Mas há também a possibilidade de ele estar se referindo, por exemplo, a alguma coisa ou a uma pessoa que passava pelo estúdio".

Célia Gouvêa, 48, coreógrafa - "Não há nada mais preconceituoso, anacrônico e nocivo do que esse comentário. Em função desse machismo, que é terrível, quantos talentos não se desenvolvem? Há homossexuais em todas as profissões, e eu posso citar dezenas de heterossexuais com quem já tive oportunidade de trabalhar".



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