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Balé "é coisa de veado', diz "Fantástico'
da Reportagem Local
Durante a exibição de uma reportagem sobre o Ballet Kirov, no
programa "Fantástico" de anteontem, a Rede Globo transmitiu
uma voz em "off" (ao fundo) que
fazia o seguinte comentário: "Isso
é coisa de veado".
O comentário foi ouvido pelos
telespectadores logo no começo
da reportagem, feita por Glória
Maria, que também é apresentadora do "Fantástico".
Glória Maria acabara de fazer a
introdução da reportagem quando começaram a ser exibidas imagens de movimentos de uma bailarina. Nesse momento, uma voz
masculina disse, ao fundo, "isso é
coisa de veado".
Aparentemente, a voz seria do
apresentador Pedro Bial, o que a
Rede Globo, oficialmente, nega.
Dentro da emissora, o incidente
foi atribuído à área técnica. Bial
não foi encontrado pela reportagem até as 18h30 de ontem.
A direção de jornalismo, por
meio da assessoria de imprensa da
emissora, diz não saber o que houve, mas afirma ter certeza de que o
vazamento de áudio não ocorreu
no estúdio do "Fantástico".
"A central de engenharia está
analisando de onde veio a voz.
Acredita-se que a frase já estava
gravada em alguma das fitas que
foram usadas no momento da exibição da reportagem", afirma
Paulo Carneiro, diretor de divulgação da emissora.
O argumento não é convincente.
Se houvesse a certeza de que a voz
partiu de uma das fitas gravadas,
era improvável que, até as 18h de
ontem, a emissora ainda não tivesse um diagnóstico da falha.
O acontecimento mais viável para explicar esse deslize seria justamente uma possível brincadeira
do apresentador Pedro Bial.
Acreditando que seu microfone
estivesse desligado, ele teria feito o
comentário. Mas essa prática, nada rara em transmissões ao vivo, é
a primeira que a Globo descarta.
O comentário causou reação de
bailarinos e entidades de defesa
dos homossexuais, que consideraram a fala preconceituosa.
Para Márika Gidalli, diretora-fundadora do Ballet Stagium,
"o comentário de Pedro Bial foi
uma lástima, muito infeliz. Meu
marido é bailarino, tenho dois filhos que são bailarinos, e eles não
são homossexuais".
Já o grupo ativista gay Atobá, do
Rio, promete mover uma ação
contra a Rede Globo.
Colaborou
CRISTINA PADIGLIONE, colunista
da Folha
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