Lucio Piton 6.nov.99/Folha Imagem

Fachada da Casa de Cultura Euclides da Cunha, onde o escritor morou, em São José do Rio Pardo

DA FOLHA RIBEIRÃO

Depois de 55 anos, a Casa de Cultura Euclides da Cunha, em São José do Rio Pardo, (260 km de São Paulo), será reformada.
Infestado de cupins e com o acervo ameaçado pelas infiltrações, o maior centro de conhecimento sobre o autor de "Os Sertões" ganhou na última quinta-feira o sinal de que, finalmente, vai ter uma estrutura adequada.
O Ministério da Cultura aprovou a liberação de uma verba de R$ 210 mil para a reforma e revitalização do local, que não era reformado desde 1946, ano do seu tombamento pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico e Turístico).
Há nove anos foram realizados reparos de emergência no telhado da casa. Isso não foi suficiente para impedir a ação do tempo, que prejudicou severamente as condições da edificação.
As obras na casa vão acontecer em duas etapas. A primeira será uma reforma completa no telhado, no forro, nos dois pisos e na alvenaria. Segundo o diretor da Casa, Lázaro Curvélo Chaves, serão gastos R$ 113 mil nesta fase.
"Na segunda etapa vamos adquirir e instalar os equipamentos de informática, reprografia e catalogação", afirmou Chaves. Para tudo isso são necessários mais R$ 85.850, que também vão garantir a contratação de mão-de-obra necessária ao cadastramento das 12 mil peças do acervo.
O acervo conta com um exemplar da primeira edição de "Os Sertões", exemplares em outros idiomas, fardas, armamentos e fotografias do conflito, além de originais do escritor e documentos. "Temos até restos da fazenda onde Euclides nasceu, em Cantagalo (RJ)", afirmou Chaves.
De acordo com ele, outros R$ 11,8 mil vão ser investidos na locação de um lugar para guardar o acervo durante as obras. O prazo para o término da reforma é de seis meses.
O local foi a residência do escritor Euclides da Cunha em São José do Rio Pardo. Ele morou na cidade durante os três anos em que trabalhou como engenheiro responsável pela construção de uma ponte metálica, entre os anos de 1898 e 1901.
O Ministério da Cultura reconhece que Euclides escreveu sua maior obra -"Os Sertões"- nessa casa. No livro, Euclides narrou com detalhes a Guerra de Canudos, baseado em sua cobertura jornalística do episódio. A guerra, que teve origem messiânica, aconteceu entre os anos de 1893 e 1897 no sertão da Bahia, matando milhares de pessoas, entre sertanejos e soldados do exército.
(ALESSANDRO BONASSOLI)


Texto Anterior: Cidade busca o título de berço de Tarsila do Amaral
Próximo Texto: Crítica: Victor Hugo exercita bardolatria em "Shakespeare"
Índice