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Produtor Jairo Pires revelou Tim Maia
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos produtores de "Mensageiro da Paz", Jairo Pires é mais
um dos vários homens de disco
que fizeram a cara da MPB dos
anos 60 e 70 e, em meados dos 80,
foram ejetados da indústria fonográfica nacional.
Egresso da jovem guarda -como de resto todo o movimento
black music que grassou no Brasil
nos anos 70-, Pires trabalhou
com Tim Maia, soulman nš 1 do
Brasil, durante 11 anos entrecortados, desde seu primeiro compacto, em 68, pela CBS (hoje Sony).
Convidado por André Midani a
ser diretor artístico do selo Polydor, da Philips (hoje Universal),
coordenou em 70 a produção do
primeiro LP de Tim, que trazia
"Primavera", "Azul da Cor do
Mar" e "Coroné Antônio Bento".
"Manuel Barenbein (produtor
dos discos tropicalistas) dirigia o
selo Phonogram e eu, o Polydor,
que reunia o elenco mais popular
da gravadora", lembra.
Sob a égide da Polydor, encheu
o mercado de astros "jóia" (uma
das designações para o que hoje se
conhece como brega) como Odair
José, Diana, Evaldo Braga, Sidney
Magal, Peninha, Fafá de Belém.
Ao mesmo tempo, esteve por
trás do levante soul dos 70, trabalhando com Erasmo Carlos, Diagonais, Cassiano e Hyldon e produzindo o arrojado projeto soul-MPB "Wanderléa Maravilhosa"
(72), da ex-musa iê-iê-iê.
No final dos 70, voltou à CBS,
onde fez emergir uma nova geração nordestina, dos agrestes Zé
Ramalho, Fagner, Elba Ramalho,
Amelinha. "Fui chamado de louco. A PolyGram (a junção entre
Polydor e Phonogram) era absoluta com os baianos, e a EMI, com
os mineiros. Partimos para essa
vertente, que deu o maior pé."
Numa última volta à hoje Universal, atuou na revelação, na virada dos 70 para os 80, de Angela
Ro Ro e Eduardo Dusek e produziu o antológico LP "Erasmo Carlos Convida..." (80).
Nos 80, foi sócio de Erasmo
num dos primeiros selos independentes brasileiros, Lança, pela
qual editou "O Descobridor dos
Sete Mares" (83), de Tim, e LPs de
Paulo Diniz, Walter Franco, Vital
Farias e Paulinho Boca de Cantor.
Fala da troca de comando nas
gravadoras, que no meio dos 80
substituíram homens de disco
por executivos vindos de empresas como a Coca-Cola numa filosofia que predomina até hoje.
"Não entendo por que tiraram
pessoas como Roberto Menescal,
Manuel Barenbein e Roberto Sant'Ana, que conheciam profundamente música brasileira. Éramos
produtores também, conhecíamos todos os segmentos e abríamos o leque. Não se vê mais diretor artístico viajando pelo país, indo aos lugares certos na noite. Ele
perdeu o poder, hoje é subordinado ao marketing. Por quê? Também me pergunto", critica.
Seu trabalho com King Combo
na Continental segue no nicho a
que ficaram confinados Jairo e
seus pares: o de produtores free-lance de artistas iniciantes e/ou
projetos saudosistas.
(PAS)
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