São Paulo, terça-feira, 05 de junho de 2001

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TEATRO

Comédia musical concorria com 15 indicações ao mais importante prêmio americano da área

"The Producers" bate recorde com 12 Tony

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

É o ano dos pombos com suástica, das velhinhas pervertidas e de dois produtores picaretas da Broadway. A peça "The Producers", a sátira musical de Mel Brooks, bateu anteontem o recorde do Tony, o prêmio mais importante do teatro americano, levando 12 estatuetas para casa (veja quadro ao lado).
Em cartaz no teatro St. James, no bairro teatral de Nova York, a versão da comédia homônima de 1968, que valeu o Oscar de roteiro a Brooks e que no Brasil ganhou o título de "Primavera para Hitler", concorria a 15 indicações, outro recorde. Levou melhor musical, diretor, ator (Nathan Lane) e trilha, entre outros.
O recorde anterior pertencia ao musical "Hello Dolly", que faturou dez Tony em 1964. É a coroação do maior êxito de crítica da Broadway desde "A Chorus Line", de 1975, e de público desde "Rei Leão", de 1997.

Hitler
Ao receber o prêmio final da noite, melhor musical, Mel Brooks proporcionou momentos de tensão:
"Eu quero agradecer a Hitler", começou o cineasta. Silêncio na platéia. "Por ser um cara tão engraçado no palco", terminou, colocando um pente à guisa de bigodinho na cara. Aí, os presentes vieram abaixo e explodiram em risadas.
Ele completou: "Atrás de mim vocês vêem uma avalanche de judeus, que vieram com seu talento, seu dinheiro, mas principalmente com sua presença e seu amor pelo teatro".
Lançado em abril deste ano, "The Producers" já rendeu US$ 27 milhões em ingressos vendidos até janeiro de 2002, ou 2,7 vezes seu custo inicial. Um bom lugar nas mãos dos cambistas hoje em dia chega a sair por US$ 300.
Os outros? Sim, havia outros. Na categoria de musicais sobraram dois prêmios, exatamente as duas categorias em que "The Producers" não concorria: melhor revival de um musical e melhor atriz (Christine Ebersole), ambos para "42nd Street".

Não-musicais
Entre os não-musicais, a noite foi da premiada "Proof", que já havia levado o Pulitzer deste ano e conquistou anteontem melhor peça, direção (Daniel Sullivan, o mesmo de "Dinner with Friends", também premiado com o Pulitzer) e atriz (a ótima Mary-Louise Parker, do filme "Tomates Verdes Fritos").
A peça fez tanto sucesso em sua temporada off-Broadway que chegou à rua dos teatros de Nova York. Mary-Louise interpreta a conturbada filha de um matemático genial que morreu de demência e a deixa com medo de ter o mesmo destino.
A cerimônia de premiação começou com um número do musical "42nd Street", em que sapateadores vieram dançando do teatro em que a peça está em cartaz, na Broadway, até o Radio Music City Hall, onde os prêmios foram entregues, com direito a passagem pelo metrô e pelas ruas.
Logo depois, os apresentadores oficiais, os atores Nathan Lane e Matthew Broderick, fizeram um rápido diálogo inicial. "Estou mais ansioso que as gêmeas Bush na happy hour", cutucou Lane, referindo-se ao recente incidente alcoólico envolvendo as duas filhas do presidente dos Estados Unidos.
Foi o ponto alto de uma noite arrastada, sem graça e em certos momentos até constrangedora. Principalmente porque a participação da dupla se limitou a esse momento e a mais uma rápida entrada, uma hora e 15 minutos depois.


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