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TEATRO
Comédia musical concorria com 15 indicações ao mais importante prêmio americano da área
"The Producers" bate recorde com 12 Tony
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
É o ano dos pombos com suástica, das velhinhas pervertidas e de
dois produtores picaretas da
Broadway. A peça "The Producers", a sátira musical de Mel
Brooks, bateu anteontem o recorde do Tony, o prêmio mais importante do teatro americano, levando 12 estatuetas para casa (veja quadro ao lado).
Em cartaz no teatro St. James,
no bairro teatral de Nova York, a
versão da comédia homônima de
1968, que valeu o Oscar de roteiro
a Brooks e que no Brasil ganhou o
título de "Primavera para Hitler",
concorria a 15 indicações, outro
recorde. Levou melhor musical,
diretor, ator (Nathan Lane) e trilha, entre outros.
O recorde anterior pertencia ao
musical "Hello Dolly", que faturou dez Tony em 1964. É a coroação do maior êxito de crítica da
Broadway desde "A Chorus Line", de 1975, e de público desde
"Rei Leão", de 1997.
Hitler
Ao receber o prêmio final da
noite, melhor musical, Mel
Brooks proporcionou momentos
de tensão:
"Eu quero agradecer a Hitler",
começou o cineasta. Silêncio na
platéia. "Por ser um cara tão engraçado no palco", terminou, colocando um pente à guisa de bigodinho na cara. Aí, os presentes
vieram abaixo e explodiram em
risadas.
Ele completou: "Atrás de mim
vocês vêem uma avalanche de judeus, que vieram com seu talento,
seu dinheiro, mas principalmente
com sua presença e seu amor pelo
teatro".
Lançado em abril deste ano,
"The Producers" já rendeu US$
27 milhões em ingressos vendidos
até janeiro de 2002, ou 2,7 vezes
seu custo inicial. Um bom lugar
nas mãos dos cambistas hoje em
dia chega a sair por US$ 300.
Os outros? Sim, havia outros.
Na categoria de musicais sobraram dois prêmios, exatamente as
duas categorias em que "The Producers" não concorria: melhor revival de um musical e melhor atriz
(Christine Ebersole), ambos para
"42nd Street".
Não-musicais
Entre os não-musicais, a noite
foi da premiada "Proof", que já
havia levado o Pulitzer deste ano e
conquistou anteontem melhor
peça, direção (Daniel Sullivan, o
mesmo de "Dinner with Friends",
também premiado com o Pulitzer) e atriz (a ótima Mary-Louise
Parker, do filme "Tomates Verdes
Fritos").
A peça fez tanto sucesso em sua
temporada off-Broadway que
chegou à rua dos teatros de Nova
York. Mary-Louise interpreta a
conturbada filha de um matemático genial que morreu de demência e a deixa com medo de ter o
mesmo destino.
A cerimônia de premiação começou com um número do musical "42nd Street", em que sapateadores vieram dançando do teatro
em que a peça está em cartaz, na
Broadway, até o Radio Music City
Hall, onde os prêmios foram entregues, com direito a passagem
pelo metrô e pelas ruas.
Logo depois, os apresentadores
oficiais, os atores Nathan Lane e
Matthew Broderick, fizeram um
rápido diálogo inicial. "Estou
mais ansioso que as gêmeas Bush
na happy hour", cutucou Lane,
referindo-se ao recente incidente
alcoólico envolvendo as duas filhas do presidente dos Estados
Unidos.
Foi o ponto alto de uma noite
arrastada, sem graça e em certos
momentos até constrangedora.
Principalmente porque a participação da dupla se limitou a esse
momento e a mais uma rápida
entrada, uma hora e 15 minutos
depois.
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