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São Paulo, quinta-feira, 05 de junho de 2003

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TEATRO

Texto inacabado do autor alemão Georg Büchner (1813-1837) tem tradução recente e recriação em rimas e canções

Adaptações e versos imprimem dupla vida a "Woyzeck"

DA REPORTAGEM LOCAL

Os 190 anos de nascimento do autor, em outubro próximo, não configuram propriamente uma efeméride, mas "Woyzeck", a peça inconclusa do alemão Georg Büchner (1813-1837), ganha duas versões nas prateleiras do país em sincronia com a montagem teatral dirigida por Cibele Forjaz.
Na sua tradução da peça, publicada em abril pela editora Hedra (R$ 31, 119 págs.), Tércio Redondo lembra que, após a morte de Büchner, vítima de epidemia de tifo, os manuscritos de "Woyzeck" eram considerados ilegíveis pelo seu irmão, Ludwig, que publicou sua obra em 1850.
Cerca de 25 anos depois, o texto foi enviado para um jovem escritor, Karl Emil Franzos, que usou um preparado químico para ressaltar a tinta esmaecida dos manuscritos.
Redondo diz seguir o texto original tanto quanto possível, permitindo-se "ligeiras adaptações" em algumas passagens.
Também é lançado em Brasília a versão do jornalista e pesquisador Fernando Marques para o texto de Büchner, rebatizado "Zé". Marques, 44, recria em versos metrificados a trajetória do personagem e o aproxima da tradição do teatro musical brasileiro político, à moda de "Gota d'Água", de Chico Buarque e Paulo Pontes, por exemplo.
"O ritmo regular e as rimas são parentes da música e podem levar o espectador a uma atmosfera lúdica, na qual a verossimilhança e as obrigações de tipo realista se tornam desnecessárias", diz.
O jornalista reafirma sua proposição de um sotaque local. "Zé é o primo brasileiro de Woyzeck, o pé-de-chinelo de quem todas as chances foram roubadas. Büchner reuniu a preocupação social à metafísica: todos somos Zé, somos todos frágeis. Os mais pobres são, segundo ele, duplamente frágeis, duplamente miseráveis", diz o autor.
Marques compôs quatro canções cujas partituras estão reproduzidas no final do livro. O volume inclui oito xilogravuras de Andréa Campos de Sá e textos de apresentação assinados por Maria Sílvia Betti e Jacó Guinsburg.
"Zé" foi lido em São Paulo, em março, pelo grupo Folias d'Arte. O livro deve ser lançado na cidade em breve. A programação de lançamento, em Brasília, segue hoje com uma leitura dirigida pelos irmãos Adriano e Fernando Guimarães.


ZÉ. De: Fernando Marques. Editora: Perspectiva. Quanto: R$ 13 (135 págs.). Lançamento: Teatro da Caixa (Conjunto Cultural da Caixa, Setor Bancário Sul, Brasília; tel. 0/xx/61/414-8695). Quando: hoje, às 21h, leitura dramática com os atores Alessandro Brandão, Mariana Nunes, Alex Ferro, Márcio Darlan e outros. Quanto: entrada franca. Patrocinador: BrasilTelecom.


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