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TEATRO
Texto inacabado do autor alemão Georg Büchner (1813-1837) tem tradução recente e recriação em rimas e canções
Adaptações e versos imprimem dupla vida a "Woyzeck"
DA REPORTAGEM LOCAL
Os 190 anos de nascimento do
autor, em outubro próximo, não
configuram propriamente uma
efeméride, mas "Woyzeck", a peça inconclusa do alemão Georg
Büchner (1813-1837), ganha duas
versões nas prateleiras do país em
sincronia com a montagem teatral dirigida por Cibele Forjaz.
Na sua tradução da peça, publicada em abril pela editora Hedra
(R$ 31, 119 págs.), Tércio Redondo lembra que, após a morte de
Büchner, vítima de epidemia de
tifo, os manuscritos de "Woyzeck" eram considerados ilegíveis
pelo seu irmão, Ludwig, que publicou sua obra em 1850.
Cerca de 25 anos depois, o texto
foi enviado para um jovem escritor, Karl Emil Franzos, que usou
um preparado químico para ressaltar a tinta esmaecida dos manuscritos.
Redondo diz seguir o texto original tanto quanto possível, permitindo-se "ligeiras adaptações"
em algumas passagens.
Também é lançado em Brasília
a versão do jornalista e pesquisador Fernando Marques para o
texto de Büchner, rebatizado
"Zé". Marques, 44, recria em versos metrificados a trajetória do
personagem e o aproxima da tradição do teatro musical brasileiro
político, à moda de "Gota d'Água", de Chico Buarque e Paulo
Pontes, por exemplo.
"O ritmo regular e as rimas são
parentes da música e podem levar
o espectador a uma atmosfera lúdica, na qual a verossimilhança e
as obrigações de tipo realista se
tornam desnecessárias", diz.
O jornalista reafirma sua proposição de um sotaque local. "Zé é o
primo brasileiro de Woyzeck, o
pé-de-chinelo de quem todas as
chances foram roubadas. Büchner reuniu a preocupação social à
metafísica: todos somos Zé, somos todos frágeis. Os mais pobres
são, segundo ele, duplamente frágeis, duplamente miseráveis", diz
o autor.
Marques compôs quatro canções cujas partituras estão reproduzidas no final do livro. O volume inclui oito xilogravuras de Andréa Campos de Sá e textos de
apresentação assinados por Maria Sílvia Betti e Jacó Guinsburg.
"Zé" foi lido em São Paulo, em
março, pelo grupo Folias d'Arte.
O livro deve ser lançado na cidade
em breve. A programação de lançamento, em Brasília, segue hoje
com uma leitura dirigida pelos irmãos Adriano e Fernando Guimarães.
ZÉ. De: Fernando Marques. Editora:
Perspectiva. Quanto: R$ 13 (135 págs.).
Lançamento: Teatro da Caixa (Conjunto
Cultural da Caixa, Setor Bancário Sul,
Brasília; tel. 0/xx/61/414-8695). Quando:
hoje, às 21h, leitura dramática com os
atores Alessandro Brandão, Mariana
Nunes, Alex Ferro, Márcio Darlan e
outros. Quanto: entrada franca.
Patrocinador: BrasilTelecom.
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