São Paulo, sábado, 05 de junho de 2004

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FILMES

TV ABERTA

"Poder Absoluto" circula entre aparência e verdade

Nervos de Aço
Record, 23h.
 
(Raw Nerve). EUA, 1999, 105 min. Direção: Avi Nesher. Com Mario van Peebles, Nicollette Sheridan, Zach Galligan. Quando pilhado, policial corrupto e violento envolve a namorada e um ex-parceiro em seu plano de safar-se da história.

Diabólica
Globo, 23h05.
 
(Wicked). EUA, 1998, 88 min. Direção: Michael Steinberg. Com Julia Stiles, Louise Myrback. Suspense sobre filha acusada de matar a própria mãe a fim de seduzir o pai. Obscuro.

Poder Absoluto
SBT, 0h45.
    
(Absolute Power). EUA, 1997, 121 min. Direção: Clint Eastwood. Com Clint Eastwood, Gene Hackman, Ed Harris. Ao dar um grande golpe, ladrão (Eastwood) inadvertidamente presencia a morte acidental de uma mulher. Um dos envolvidos na história é ninguém menos que o presidente dos EUA. Será quase convencional daí por diante: FBI, CIA, o diabo, todos atrás do ladrão. Mas quase: pois tudo se joga entre salvar um mundo de aparências e instaurar outro, de verdades. Clint em boa forma (mas ele voltaria ao tema com mais vigor). Quilômetros acima da média, em todo caso.

Entre Dois Amores
Bandeirantes,1h.
 
(On the Edge). EUA, 1994, 86 min. Direção: Anthony J. Christopher. Com Steve Simich, Lisa Boyle. A não confundir com o filme de Sydney Pollack com Meryl Streep, embora a atriz daqui, Lisa Boyle, seja dada como muito mais bonita que Meryl. Ela faz uma advogada que tem um amante. Depois um segundo amante. E pau na máquina.

Mississipi em Chamas
Globo, 1h35.
   
(Mississippi Burning). EUA, 1988, 122 min. Direção: Alan Parker. Com Gene Hackman, Willem Dafoe, Frances McDormand. Três ativistas dos direitos civis têm no Mississipi, em 1964, a morte que os ativistas da Ku-Klux-Klan consideram justa. Como estamos num momento em que o governo central dos EUA é particularmente sensível ao assunto, os agentes federais Hackman e Dafoe são encarregados de investigar o caso. Parker faz uma radiografia pertinente da questão racial no Sul dos EUA, a partir do embate entre os agentes e os racistas. Não é enormemente profundo, mas é muito eficaz. E os atores estão soberbos.

Na Mira do Inimigo
SBT, 3h.
 
(Four Dogs Playing Poker). EUA, 2000, 98 min. Direção: Paul Rachman. Com Olivia Williams, Balthazar Gety, Forrest Whitaker. Quatro ladrões e amigos, pilhados após roubarem uma estatueta de Degas em Buenos Aires, são forçados pelo colecionador Whitaker a aparecer com US$ 1 milhão. A única maneira de isso acontecer é levantando o dinheiro do seguro de vida. Para tanto, seria preciso que um deles morresse.

Rascal, o Amiguinho Travesso
SBT, 4h45.
 
(Rascal). EUA, 1969, 85 min. Direção: Norman Tokar. Com Steve Forrest, Bill Mummy, Elsa Lanchester. Durante férias, o cachorro de um garoto ataca grupo de guaxinins recém-nascidos. O menino salva um deles e desenvolve por ele uma afeição particular. Filme familiar. (IA)

TV PAGA

"Humanização" reafirma Hitler estereotipado

MARCOS GUTERMAN
EDITOR-ADJUNTO DE MUNDO

O Hitler que estréia hoje no Hallmark Channel é tautológico como sugere o subtítulo do original, "Rise of Evil" (Ascensão do Mal). Antes de o filme começar, já sabemos como ele termina.
No meio de uma sucessão cronológica e linear de obviedades biográficas sobre o ditador nazista, o canadense Christian Duguay enxerta a narrativa de elementos psicológicos que dariam fundamento à "loucura" de Hitler.
Sugere-se que os problemas de rejeição do jovem Hitler tenham sido mais determinantes para a história do que as contradições de seu tempo. O filme privilegia, sempre que pode, situações em que emerge o Hitler "humano", o que ama e se emociona.
No entanto a tentativa de "humanização" do líder nazista resulta apenas numa reafirmação do Hitler estereotipado. O que poderia ser um trunfo da produção torna-se seu maior problema: não há homem no "homem" Hitler, pois tudo o que ele manifesta como emoção serve somente para anunciar o mal que sabemos que virá. Ou seja, a condição humana, contraditória por definição, é linear nesse Hitler. Ele é exatamente o que aparenta ser.
Nem mesmo o excelente Robert Carlyle imprime em seu Hitler alguma excepcionalidade, limitando-se a reproduzir cuidadosamente o gestual e as expressões ferozes do futuro ditador. É como se Carlyle admitisse a impossibilidade de superar o personagem inventado por Hitler.
Embora tenha perdido a oportunidade de realizar aquilo a que se propôs, isto é, ir além do velho conhecido führer, o filme faz o óbvio com alguma competência.
As cenas curtíssimas inviabilizam qualquer tipo de reflexão histórica, mas está tudo lá: a decisiva participação de Hitler no humilhado Exército alemão, seu anti-semitismo implacável, sua ascensão política fulminante, o modo como construiu seu discurso, o recurso à violência como fundamento político. Não ficou de fora da produção nem mesmo sua paixão por cachorros.


HITLER. Quando: hoje, às 22h, no Hallmark.


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