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ANÁLISE
Adeus de um "rei do riso"
CHRISTIAN PETERMANN
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O cinema italiano (e o mundial) está um pouco mais
triste com a morte do ator Nino
Manfredi. Ele deixa órfãos os
muitos admiradores da "commedia all'italiana", da qual foi um
dos principais nomes.
Ao lado de Totó, Vittorio Gassman e Alberto Sordi -era amigo
pessoal dos dois últimos-, Manfredi era considerado um dos
"reis do riso". Mas como é característico dos grandes intérpretes
italianos, ele também se expressou muito bem nas artes dramáticas, numa carreira multifacetada,
semelhante à de Marcello Mastroianni, outro grande amigo seu.
É toda uma geração que se dissipa
no tempo.
Durante a Segunda Guerra
Mundial, Nino Manfredi estreou
no rádio e em espetáculos musicais, consagrando-se como um
exímio dublador -a excelente
dicção e o timbre de voz ajudaram
a estabelecer sua fama. Em 1948,
estreou no cinema, dando início a
uma prolífica filmografia como
ator, roteirista e diretor.
Seu roteiro mais conhecido foi
"Pão e Chocolate" (73), dirigido
por Franco Brusati. E, apesar de
ter trabalhado com alguns dos
maiores cineastas italianos, como
Luigi Comencini, Luigi Zampa,
Dino Risi, Mario Camerini e Carlo
Lizzani, foi sua parceria com Ettore Scola que estabeleceu sua consagração internacional como
ator. Ele participou do episódio
"Il Vittimista", do filme "Pesadelo
de Ilusões" (65), e atuou ainda nos
longas "Nós que nos Amávamos
Tanto" (74), "Feios, Sujos e Malvados" (76) e num episódio de
"Senhoras e Senhores, Boa Noite"
(76). "Scola é um diretor para
quem eu digo sim sem nem sequer conhecer o roteiro", costumava repetir.
Sua persona cinematográfica
era a de um "born looser", um sujeito sem eira nem beira, que levava a vida da forma que lhe era
possível, explorando assim as ricas nuanças da interpretação cômico-dramática. Tendo se dedicado mais à TV e ao teatro nos
anos 80 e 90, Manfredi se manteve
na ativa até meados do ano passado, mas o último filme seu a que
os brasileiros puderam assistir em
tela grande foi "O Holandês Voador" (95), de Jos Stelling. E agora
todos aqueles que o amavam tanto ficaram na saudade.
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