São Paulo, sábado, 05 de junho de 2004

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ANÁLISE

Adeus de um "rei do riso"

CHRISTIAN PETERMANN
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O cinema italiano (e o mundial) está um pouco mais triste com a morte do ator Nino Manfredi. Ele deixa órfãos os muitos admiradores da "commedia all'italiana", da qual foi um dos principais nomes.
Ao lado de Totó, Vittorio Gassman e Alberto Sordi -era amigo pessoal dos dois últimos-, Manfredi era considerado um dos "reis do riso". Mas como é característico dos grandes intérpretes italianos, ele também se expressou muito bem nas artes dramáticas, numa carreira multifacetada, semelhante à de Marcello Mastroianni, outro grande amigo seu. É toda uma geração que se dissipa no tempo.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Nino Manfredi estreou no rádio e em espetáculos musicais, consagrando-se como um exímio dublador -a excelente dicção e o timbre de voz ajudaram a estabelecer sua fama. Em 1948, estreou no cinema, dando início a uma prolífica filmografia como ator, roteirista e diretor.
Seu roteiro mais conhecido foi "Pão e Chocolate" (73), dirigido por Franco Brusati. E, apesar de ter trabalhado com alguns dos maiores cineastas italianos, como Luigi Comencini, Luigi Zampa, Dino Risi, Mario Camerini e Carlo Lizzani, foi sua parceria com Ettore Scola que estabeleceu sua consagração internacional como ator. Ele participou do episódio "Il Vittimista", do filme "Pesadelo de Ilusões" (65), e atuou ainda nos longas "Nós que nos Amávamos Tanto" (74), "Feios, Sujos e Malvados" (76) e num episódio de "Senhoras e Senhores, Boa Noite" (76). "Scola é um diretor para quem eu digo sim sem nem sequer conhecer o roteiro", costumava repetir.
Sua persona cinematográfica era a de um "born looser", um sujeito sem eira nem beira, que levava a vida da forma que lhe era possível, explorando assim as ricas nuanças da interpretação cômico-dramática. Tendo se dedicado mais à TV e ao teatro nos anos 80 e 90, Manfredi se manteve na ativa até meados do ano passado, mas o último filme seu a que os brasileiros puderam assistir em tela grande foi "O Holandês Voador" (95), de Jos Stelling. E agora todos aqueles que o amavam tanto ficaram na saudade.


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