São Paulo, domingo, 05 de junho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DVDTECA

Hallström acrescenta otimismo à "receita" estrelada por Juliette Binoche

"Chocolate" mistura realismo fantástico à doçura do amor

DA REPORTAGEM LOCAL

"Chocolate", que a DVDteca Folha lança no próximo domingo, é um filme que reuniu muitas coisas. A começar, pelas cinco indicações para o Oscar: filme, atriz principal e coadjuvante, roteiro adaptado e trilha sonora. Juntou também um elenco intercontinental, da francesa Juliette Binoche ao norte-americano Johnny Depp, assim como abraçou os gêneros do romance, da comédia e do realismo fantástico.
Isso está no livro homônimo da inglesa Joanne Harris, que conta a história de uma forasteira, mãe solteira, aliás, que chega a uma cidadezinha francesa e abala as convenções locais, ao abrir uma chocolateria. O diretor sueco Lasse Hallström, o mesmo de "Regras da Vida", recebeu Juliette Binoche para o papel da protagonista, Vianne Rocher. O que foi uma ótima escolha pela empatia que a atriz francesa transmite ao público feminino.
Há ainda Johnny Depp, que faz o cigano que vai gamar nas guloseimas da moça e também, é claro, na própria.
Abrindo a loja na praça central da pequena vila dos anos 60, avizinhada da igreja, Vianne causa polêmica entre os habitantes. Uma rabugenta senhora (Judi Dench) até faz amizade com ela e a filha, assim como a maluca local (Lena Olin), mas o prefeito (Alfred Molina), uma viúva rancorosa (Carrie-Anne Moss) e outros farão de tudo para combater as "ousadias" da recém-chegada.
Tais esquisitices são, por exemplo, chocolates feitos com pimenta, que causam frisson coletivo na região. É com seus dotes culinários exóticos que ela acaba conquistando os ressabiados citadinos. O realismo fantástico é o viés adotado pela história e também pelo diretor, que aponta uma aura de encantamento gastronômico que enfeitiça os personagens.
Na verdade, tudo isso se encaminha para a grande questão do filme, que é o interesse de Vianne em tirar as pessoas do baixo-astral, quase como uma Amélie Poulain. E, evidentemente, encontrar seu grande amor, uma vez que este filme segue bem a pauta comum na filmografia de Hallström em encontrar o otimismo nas relações humanas. Assim, o romance é a grande força deste "Chocolate".
A fotografia salienta certa beleza, aliás bem sintonizada com a trilha, assinada por Rachel Portman e que pega emprestado, em casamento, o jazz "redondo" de Stephane Grapelli com a batida jazzística mais acústica de Django Reinhardt. Tudo isso faz do filme o mais suave e idílico que a atriz francesa estrelou, ela que quase sempre fez papéis dramáticos, como o de "A Liberdade É Azul".
Não é por menos que Hallström teve a imposição da Miramax para utilizar Juliette Binoche e, graças a isso, acabou escalando Lena Olin, sua mulher há 15 anos, para o papel coadjuvante. Ambas trabalharam juntas em "A Insustentável Leveza do Ser".
E Johnny Depp tivera uma de suas grandes atuações em "Gilbert Grape - Aprendiz de Sonhador", dirigido pelo próprio Lasse Hallström.

Texto Anterior: Policial
Próximo Texto: "O eclipse": Antonioni traduz mal-estar moderno
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.