|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DVDTECA
Hallström acrescenta otimismo à "receita" estrelada por Juliette Binoche
"Chocolate" mistura realismo fantástico à doçura do amor
DA REPORTAGEM LOCAL
"Chocolate", que a DVDteca
Folha lança no próximo domingo, é um filme que reuniu muitas
coisas. A começar, pelas cinco indicações para o Oscar: filme, atriz
principal e coadjuvante, roteiro
adaptado e trilha sonora. Juntou
também um elenco intercontinental, da francesa Juliette Binoche ao norte-americano Johnny
Depp, assim como abraçou os gêneros do romance, da comédia e
do realismo fantástico.
Isso está no livro homônimo da
inglesa Joanne Harris, que conta a
história de uma forasteira, mãe
solteira, aliás, que chega a uma cidadezinha francesa e abala as
convenções locais, ao abrir uma
chocolateria. O diretor sueco Lasse Hallström, o mesmo de "Regras da Vida", recebeu Juliette Binoche para o papel da protagonista, Vianne Rocher. O que foi uma
ótima escolha pela empatia que a
atriz francesa transmite ao público feminino.
Há ainda Johnny Depp, que faz
o cigano que vai gamar nas guloseimas da moça e também, é claro, na própria.
Abrindo a loja na praça central
da pequena vila dos anos 60, avizinhada da igreja, Vianne causa
polêmica entre os habitantes.
Uma rabugenta senhora (Judi
Dench) até faz amizade com ela e
a filha, assim como a maluca local
(Lena Olin), mas o prefeito (Alfred Molina), uma viúva rancorosa (Carrie-Anne Moss) e outros
farão de tudo para combater as
"ousadias" da recém-chegada.
Tais esquisitices são, por exemplo, chocolates feitos com pimenta, que causam frisson coletivo na
região. É com seus dotes culinários exóticos que ela acaba conquistando os ressabiados citadinos. O realismo fantástico é o viés
adotado pela história e também
pelo diretor, que aponta uma aura
de encantamento gastronômico
que enfeitiça os personagens.
Na verdade, tudo isso se encaminha para a grande questão do
filme, que é o interesse de Vianne
em tirar as pessoas do baixo-astral, quase como uma Amélie
Poulain. E, evidentemente, encontrar seu grande amor, uma vez
que este filme segue bem a pauta
comum na filmografia de Hallström em encontrar o otimismo
nas relações humanas. Assim, o
romance é a grande força deste
"Chocolate".
A fotografia salienta certa beleza, aliás bem sintonizada com a
trilha, assinada por Rachel Portman e que pega emprestado, em
casamento, o jazz "redondo" de
Stephane Grapelli com a batida
jazzística mais acústica de Django
Reinhardt. Tudo isso faz do filme
o mais suave e idílico que a atriz
francesa estrelou, ela que quase
sempre fez papéis dramáticos, como o de "A Liberdade É Azul".
Não é por menos que Hallström
teve a imposição da Miramax para utilizar Juliette Binoche e, graças a isso, acabou escalando Lena
Olin, sua mulher há 15 anos, para
o papel coadjuvante. Ambas trabalharam juntas em "A Insustentável Leveza do Ser".
E Johnny Depp tivera uma de
suas grandes atuações em "Gilbert Grape - Aprendiz de Sonhador", dirigido pelo próprio Lasse
Hallström.
Texto Anterior: Policial Próximo Texto: "O eclipse": Antonioni traduz mal-estar moderno Índice
|