São Paulo, sexta, 5 de junho de 1998

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Novo 'Cara-de-Pau' inspira melancolia

INÁCIO ARAUJO
Crítico de Cinema

Dezoito anos depois, Dan Aykroyd volta a sair da cadeia para dar início a "Os Irmãos Cara de Pau 2000". Já aí existe algo de melancólico, assim como melancólica é sua visita ao velho orfanato do primeiro filme, de 1980.
É como se Aykroyd e o diretor John Landis tirassem do armário um velho e elegante terno, porém devidamente comido pelas traças. Onde está Jim Belushi? -pois, sem ele, o filme parece vazio.
Quando, em seguida, Aykroyd se põe a recompor a velha banda, percebemos que a continuação não é apenas um caça-níquel.
É sobretudo um movimento sentimental, em que a vontade de reencontrar o passado é dominante.
Mas, como o tempo não anda para trás, o sentimento de melancolia tende a tomar o espectador, não obstante as estrelas da música que desfilam na tela (B.B. King, Eric Clapton, Bo Diddley, Steve Winwood, Isaac Hayes e Joshua Redman, entre outros).
Para reforçá-la, o humor está distante daquele que consagrou John Landis. No trabalho de reformular sua banda, Aykroyd junta um número considerável de perseguidores em seu encalço, de policiais a neonazistas.
Mas, quanto mais se corre, quanto mais carros se empilham, menos o humor se digna a dar as caras. Não é que seja um filme detestável. É, antes, um filme descartável -outra razão para melancolia quando se pensa no talento de John Landis.


Filme: Os Irmãos Cara-de-Pau
Produção: EUA, 1997
Direção: John Landis
Com: Dan Aykroyd, John Goodman, Joe Morton, J. Evan Bonifant
Quando: a partir de hoje, nos cines Interlar Aricanduva Cinemark 3, Studio Alvorada 2, Belas Artes-Carmen Miranda, Olido 1, e circuito



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