São Paulo, sexta, 5 de junho de 1998

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Dirigentes também divergem

da Reportagem Local

A criação das organizações sociais não é unanimidade entre os dirigentes de instituições culturais, mesmo os que trabalham para as possíveis afetadas pela medida.
Entre os favoráveis à lei estão Emanoel Araújo, diretor da Pinacoteca, e o maestro John Neschling, diretor artístico da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo).
Os críticos incluem o diretor do MIS (Museu da Imagem e do Som), Marcos Santilli, e também Carlos Augusto Calil, ex-diretor da Embrafilme e da Cinemateca Nacional.
"Eu acho que a empresa só vai participar do que interessa a ela, o que não significa necessariamente que isso será do interesse do cidadão. Vai patrocinar o que é consagrado, o Rodin, o Picasso, que todo mundo acha lindo, enfrenta fila, paga e ninguém critica", afirma Santilli, do MIS.
Para ele, essa "privatização" representada pelas criação das organizações sociais, se inevitável, deveria ao menos ser "um processo lento, cuidadoso e acompanhado de uma discussão com a sociedade".
Já Calil aponta para a "fragilidade" da proposta, devido às incertezas do repasse de verbas do setor público para as organizações sociais.
"Se fosse na Alemanha, França ou Suíça, eu acreditaria, porque nesses países o orçamento é levado a sério. Aqui, não. O orçamento pode não ser cumprido por ordem do ministro da Fazenda, que tem poderes de contingenciamento", afirma.
Para Emanoel Araújo, a transformação da Pinacoteca em organização social "é a única saída" vislumbrada no momento. Ele cita como exemplo os problemas de contratação de funcionários. Atualmente, a Pinacoteca tem 18 funcionários estatutários e cerca de 40 "marginais", ou seja, sem regularização.
"A única alternativa seria uma reforma administrativa, uma reformulação de quadros e salários, que não está no horizonte do governo. Hoje, o Estado não é mais uma figura necessária. É uma estrutura emperrada que impossibilita a satisfação das necessidades do museu", diz.



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