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ACONTECE NO RIO
Arte latino-americana protagoniza mostra
ANNA LEE
da Sucursal do Rio
O CCBB (Centro Cultural Banco
do Brasil), no Rio, escolheu o mês
de junho para se dedicar à arte latino-americana.
A intenção é, por meio de debates, exposições, peças, filmes e vídeos, traçar uma visão do conjunto das tendências contemporâneas
na arte e no pensamento latino-americanos.
Segundo a diretora de eventos
do CCBB, Marta Pagy, o mês dedicado à expressão latina na arte é a
concretização de uma idéia que
surgiu com a 1ª Mostra Latino-Americana de Cinema, em 1994.
"Percebemos um interesse crescente do público em relação ao cinema latino-americano nos últimos quatro anos em que aconteceram as mostras. Resolvemos então abrir o evento para outras
áreas culturais e vamos repetir a
iniciativa anualmente, sempre em
junho", disse Pagy.
A 5ª Mostra Latino-Americana
de Cinema vai acontecer de 18 a 28
de junho. Até o dia 26 de julho, a
exposição "Terra Incógnita" estará exibindo pinturas nas quais artistas brasileiros, chilenos e argentinos representaram a paisagem
do território sul-americano.
Hoje, o ensaísta e ficcionista mexicano Francisco Rebolledo encerra o primeiro Encontro com a Literatura Latino-Americana Contemporânea, que desde de terça-feira reuniu escritores para discutir as características e a identidade da literatura produzida na
América Latina atualmente.
Teatro
Como parte dos eventos dedicados à arte latino-americana, estreou ontem a peça "A Noite dos
Assassinos", do dramaturgo cubano José Triana, dirigida pelo também cubano Carlos Celdrán.
Encenada pela primeira vez em
1966, a peça teve grande sucesso
em Cuba e alcançou reconhecimento internacional em diversos
festivais europeus.
Mas, na década de 70, segundo
Celdrán, "caiu na lista negra do
regime socialista de Fidel Castro,
porque trata de assuntos considerados polêmicos, como poder e
relações familiares".
A peça conta a história de três
irmãos que se reúnem no porão de
casa e, numa brincadeira, imaginam o assassinato de seus pais.
Lalo (o ator brasileiro Alexandre
Schumacher) e suas duas irmãs (a
atriz cubana Leonor Arocha e a
atriz brasileira Denise Milfont) representam os vários personagens
da trama inventada por eles: seus
pais, vizinhos, policiais e outros.
Num clima de tensão crescente,
a brincadeira se torna perigosa ao
desvendar a tirania oculta nas relações familiares e do indivíduo
com o Estado.
"A peça não fala diretamente
sobre política. Acredito ter sido
um exagero a forma como foi criticada e censurada, mas, durante a
fase mais rígida do governo Fidel,
qualquer coisa era motivo para intolerância e repressão", disse Celdrán.
De qualquer forma, segundo ele,
se outros diretores tentaram fazer
"das relações familiares discutidas na peça uma metáfora da relação de Fidel com o povo cubano,
dando uma conotação política ao
texto", não é isso que Celdrán pretende mostrar.
"Quero que o meu espetáculo
fale dos cubanos, que, individualmente, como qualquer pessoa de
outro país, têm seus conflitos, angústias e alegrias, independentemente do regime político sob o
qual vivem", disse Celdrán.
Peça: A Noite dos Assassinos
Onde: Teatro 2 do CCBB (rua Primeiro de
Março, 66, Centro, tel.021/216-0223)
Quando: Até 2 de agosto, de quarta a
domingo, às 19h.
Quanto: R$ 10
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