São Paulo, terça-feira, 05 de julho de 2005

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19ª SP FASHION WEEK

MODA DE VERÃO COM TEMPERO BRASILEIRO

ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA

JACKSON ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O próximo verão já tem guarda-roupa. A SPFW terminou ontem depois de mostrar 51 coleções. E, em tempo de comemoração dos dez anos do evento, a conclusão é que a moda brasileira já tem auto-estima. Os estilistas não têm mais vergonha do Brasil.
O cangaço, por exemplo, virou tendência e apareceu tanto no masculino da Cavalera quanto no histórico desfile de anteontem da Rosa Chá, onde Amir Slama conseguiu se superar e inovar o que parecia impossível. Tem muita idéia nova na coleção e exatamente o que traz elementos da cultura popular nordestina é o mais interessante e surpreendente. Não somente pelo tema, mas por sua utilização fluida e criativa.
Por exemplo, as delicadas peças em rendas e babadinhos do início num preciso bege envelhecido, os bordados multicoloridos, a seqüência inspirada no maracatu -o mais bonito deles em Isabeli Fontana. A Rosa Chá confirma, portanto, a tendência deste verão de peças mais fechadas, mais comportadas.
Bons momentos: o sensacional engana-mamãe marrom de Ana Bela; os efeitos lenço, meio anos 70; a doce entrada de Carol Ribeiro, descalça, com seu filho no colo. Bem Brasil.
Partindo do mundo da moda praia, a Neon retomou o foco e fez um ótimo desfile, com honestidade e produto, ao som de "Starway to Heaven". A estamparia segue dois caminhos, ambos excelentes: o das pinceladas e o ultratropical, que estão entre as melhores estampas de toda a temporada, desdobradas em biquínis também anos 70, com muitos bustiês, túnicas, caftans e batas que os estilistas da marca (Rita Comparato e Dudu Bertholini) tanto amam.
Aqui, eles mostram que entraram na São Paulo Fashion Week para falar sério, mas mantendo o humor e a ironia que fizeram sua fama, como na oposição sauna/ escritório que é o tema principal da coleção. Com isso, eles migram bem da praia para o urbano, brincando com o lado clássico da moda (os smokings, o azul chique), mas produzindo as roupas de banho mais cool do mercado. A coleção é simples, mas muito sofisticada em termos de imagem, e leva a moda nas veias. Hits: a bermudona drapeada com bolsos grandes; o biquíni-cinto (a idéia sobe depois para o top); o pijama neotropicalista; o macaquinho de Lu Curtis; a calça-pareô de Ju Imai.
Fábia Bercsek cria imagens de meninas-mulheres brincando com valores de romantismo e sensualidade. A coleção passeia por azuis, beges e rosas. Os materiais são o índigo (bem escuro), os crochês e a seda pura.


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