|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
19ª SP FASHION WEEK
MODA DE VERÃO COM TEMPERO BRASILEIRO
ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA
JACKSON ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O próximo verão já tem guarda-roupa. A SPFW terminou ontem
depois de mostrar 51 coleções. E,
em tempo de comemoração dos
dez anos do evento, a conclusão é
que a moda brasileira já tem auto-estima. Os estilistas não têm mais
vergonha do Brasil.
O cangaço, por exemplo, virou
tendência e apareceu tanto no
masculino da Cavalera quanto no
histórico desfile de anteontem da
Rosa Chá, onde Amir Slama conseguiu se superar e inovar o que
parecia impossível. Tem muita
idéia nova na coleção e exatamente o que traz elementos da cultura
popular nordestina é o mais interessante e surpreendente. Não somente pelo tema, mas por sua utilização fluida e criativa.
Por exemplo, as delicadas peças
em rendas e babadinhos do início
num preciso bege envelhecido, os
bordados multicoloridos, a seqüência inspirada no maracatu
-o mais bonito deles em Isabeli
Fontana. A Rosa Chá confirma,
portanto, a tendência deste verão
de peças mais fechadas, mais
comportadas.
Bons momentos: o sensacional
engana-mamãe marrom de Ana
Bela; os efeitos lenço, meio anos
70; a doce entrada de Carol Ribeiro, descalça, com seu filho no colo. Bem Brasil.
Partindo do mundo da moda
praia, a Neon retomou o foco e fez
um ótimo desfile, com honestidade e produto, ao som de "Starway
to Heaven". A estamparia segue
dois caminhos, ambos excelentes:
o das pinceladas e o ultratropical,
que estão entre as melhores estampas de toda a temporada, desdobradas em biquínis também
anos 70, com muitos bustiês, túnicas, caftans e batas que os estilistas da marca (Rita Comparato e
Dudu Bertholini) tanto amam.
Aqui, eles mostram que entraram na São Paulo Fashion Week
para falar sério, mas mantendo o
humor e a ironia que fizeram sua
fama, como na oposição sauna/
escritório que é o tema principal
da coleção. Com isso, eles migram
bem da praia para o urbano, brincando com o lado clássico da moda (os smokings, o azul chique),
mas produzindo as roupas de banho mais cool do mercado. A coleção é simples, mas muito sofisticada em termos de imagem, e leva
a moda nas veias. Hits: a bermudona drapeada com bolsos grandes; o biquíni-cinto (a idéia sobe
depois para o top); o pijama neotropicalista; o macaquinho de Lu
Curtis; a calça-pareô de Ju Imai.
Fábia Bercsek cria imagens de
meninas-mulheres brincando
com valores de romantismo e
sensualidade. A coleção passeia
por azuis, beges e rosas. Os materiais são o índigo (bem escuro), os
crochês e a seda pura.
Texto Anterior: "Vivemos um tempo de fúria", diz Rushdie Próximo Texto: Fashionista Índice
|