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Autores discutem narcotráfico e culpa alemã
Britânico Misha Glenny comenta libertação de Ingrid, e Rodrigo Naves vê Schulze à luz da nova Alemanha
DOS ENVIADOS ESPECIAIS A PARATY
"Achei fantástica a libertação
de Ingrid Betancourt", disse o
jornalista britânico Misha
Glenny. "Mas gostaria de lembrar que o narcotráfico não pára de crescer na Colômbia e que
70% do dinheiro do plano americano de ajuda ao país é gasto
dentro dos EUA mesmo", disse.
As declarações foram dadas
ontem na Flip na mesa "Os Fuzis". Autor de "McMáfia" (Cia.
das Letras), que discute a globalização do crime organizado,
inclusive no Brasil, Glenny debateu com Guilherme Fiuza,
autor do livro "Meu Nome Não É Johnny".
Para Fiuza, existe muita hipocrisia em relação à discussão
sobre drogas e está ocorrendo
um "preconceito ao contrário"
em relação à classe média sempre que se trata do assunto de
drogas e crimes.
Leveza
Na mesa "Formas Breves", o
escritor e tradutor Modesto
Carone comparou a "epifania
numa casca de laranja" de um
conto lido pelo alemão Ingo
Schulze ao "Aleph", de Jorge
Luis Borges. Schulze disse que
sempre tenta retirar algo excepcional do cotidiano. "A literatura tem o poder de tornar visível o que torna válido viver a
vida, seja um belo fim de semana ou um dia normal passado
com a família", disse o escritor,
que lança na Flip o livro de contos "Celular" (Cosac Naify).
Também seu companheiro
de mesa, Rodrigo Naves comentou que a obra de Schulze
apresenta uma leveza que contrasta com o peso da culpa do
nazismo presente nos livros de
escritores alemães de gerações
anteriores. Schulze, que nasceu
em Dresden, na antiga Alemanha Oriental, disse que a queda
do muro de Berlim e a reunificação do país aproximaram dele a história alemã, antes encoberta parcialmente pelo regime
comunista. E que a sensação de
culpa não é algo que se encontre em sua geração, mas, talvez
o de responsabilidade pelos
prejudicados no Holocausto.
Schulze terminou com uma
piada sobre a reunificação da
Alemanha: "Antes da queda do
muro podia-se falar mal do chefe, mas nunca do secretário-geral do partido comunista. Agora, pode-se falar mal do chanceler, não do chefe".
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