São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2003 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Nanini vê espaço para o humor no drama
DO ENVIADO ESPECIAL
PERSONALISMO - O Willy Loman
é um cidadão muito chato, egocêntrico, personalista, cheio de
histórias, dita regras, mas é um
ser completamente puro. E o Arthur Miller tem uma visão quase
"molièresca" dele, de compaixão.
É de uma emoção esse homem, de
uma lucidez tamanha que ultrapassa um terreno e vai para a alucinação. É um homem em estado-limite, último grau da pressão, do
desespero, e, paradoxalmente, da
consciência também. HUMOR - Willy é muito emotivo,
hilariante. Pensei: olha que problema: esse homem é hilariante,
não posso ficar achando muita
graça nesse homem, apesar de
adorar o humor dele. O difícil é
misturar: não posso abrir mão
desse humor, mas não posso grifá-lo exageradamente. É um homem comum que se perde no romantismo, quase quixotesco. NA ALMA - O autor tira o problema macro da história e vai tocar o
ser comum. Isso tornou a peça
eterna, porque vai na alma do homem que se vê tachado de fracassado. Eu acho que o Willy sempre
entendeu errado a história toda.
Ele não se preparou para os reveses dessa aposta no capitalismo,
no tal sonho americano.
|
|