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TEATRO
Lapso de segundo antes de acidente de carro com o personagem inspira o diretor na concepção de seu espetáculo
Hirsch segue sua exploração da memória
DO ENVIADO AO RIO
O encenador Felipe Hirsch e a
cenógrafa Daniela Thomas conceberam "A Morte de um Caixeiro Viajante" como um espetáculo
que passasse, num átimo de segundo, as últimas 24 horas antes
da morte anunciada de seu protagonista, Willy Loman.
"É emblemático que até o presente da peça está comprometido
com a memória, fundindo-se
com o passado. Admitimos que o
Willy Loman pode estar contando essa história das últimas 24 horas dele, num segundo antes de
bater o carro ao final. A encenação partiu disso, mas não queremos que o presente deixe de ser o
nosso marco-zero, nossa base",
afirma Hirsch, 31.
Escrita há 54 anos, a peça de Arthur Miller encaixa-se como luva
nas pesquisas cênica e dramatúrgica de Hirsch e sua Sutil Companhia de Teatro quanto à narrativa
de memória, alvo de montagens
anteriores ("A Vida É Cheia de
Som & Fúria", "A Memória da
Água", "Nostalgia" etc).
A manipulação do tempo pelo
protagonista em "Caixeiro", oscilando presente e passado sem necessariamente demarcá-los, estimula Hirsch a transitar com mais
liberdade sobre a narrativa fragmentada. Não precisa, por exemplo, fazer uso do proscênio, como
indica Miller, para o público notar
a mudança de tempo.
"É possível colocar um personagem no plano da lembrança ou do
presente sem que seja necessário
detectar uma coisa ou outra. Se o
espectador não identificar, talvez
seja melhor ainda"", diz.
Ele optou pela tradução de Flávio Rangel, diretor que fez duas
montagens da mesma peça, nos
anos 60 e 70. "É exatamente o texto de cabo a rabo", afirma.
Fantasioso
Sobre Willy Loman, descreve-o
como um homem fantasioso, bastante confuso na educação dos filhos, na relação com as pessoas,
na maneira de encarar a vida.
"Ele cava a própria cova. Quando Miller coloca a pá nas mãos dele para plantar as sementes na terra, é uma metáfora para o personagem."
A montagem tem estréia marcada para São Paulo no dia 5/9, no
Sesc Vila Mariana.
(VALMIR SANTOS)
A MORTE DE UM CAIXEIRO VIAJANTE.
De: Arthur Miller. Tradução: Flávio
Rangel. Com: Marco Nanini, Juliana
Carneiro da Cunha, Francisco Milani,
Gabriel Braga Nunes, Pedro Brício,
Rubens Caribé, Ana Kutner etc. Onde:
teatro João Caetano (pça. Tiradentes, s/
nš RJ, tel. 0/xx/21/2221-0305). Quando:
pré-estréia dia 7/8, para convidados, e
dia 8/8 para o público em geral. Quanto:
de R$ 15 a R$ 30. Até 31/8.
Patrocinadores: Petrobras,
BrasilTelecom; co-patrocinador:
Telebras.
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