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Fantasma está fora da máquina
CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA
A expressão "fantasma na máquina" é recorrente no filme de
Alex Proyas. Ela teria sido cunhada pelo cientista Alfred Lanning
(James Cromwell) para explicar a
fronteira final vencida por seus
robôs, a aquisição de consciência.
O verdadeiro autor da frase é o
filósofo britânico Gilbert Ryle
(1900-76). Sua intenção foi ridicularizar o dualismo, corrente de
pensamento segundo a qual a
mente e a consciência têm uma
natureza imaterial, diferente dos
circuitos biológicos do cérebro.
No mundo real da robótica o
fantasma reluta em entrar na máquina. Apesar de terem adquirido
algumas habilidades dignas de livros de ficção, como ganhar partidas de xadrez, desviar de obstáculos, fazer cirurgias e até reagir a
emoções, os computadores ainda
não têm nada que chegue perto de
habilidades humanas. Falta-lhes
bom senso.
"Nenhum computador consegue olhar para uma sala e contar o
que vê", disse no ano passado à
revista americana "Wired" ninguém menos que Marvin Minsky,
fundador do Laboratório de Inteligência Artificial do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), um dos principais pensadores da área.
Dito de outra forma, nenhum
robô hoje é capaz de passar no
teste mental elaborado pelo pai da
inteligência artificial, o britânico
Alan Turing (1912-54). Ele propôs
que tudo o que era necessário para que uma máquina fosse considerada um ser consciente seria
que ela aparentasse consciência,
conseguindo se passar por um
humano numa conversa.
Habilidades que os humanos
dão de barato, como distinguir
uma bola preta de uma branca
sob condições diferentes de iluminação ou saber qual ação é relevante para abrir um pote de geléia, requerem quantidades monumentais de processamento paralelo que o cérebro tira de letra,
mas cuja engenharia reversa, ou
seja, a decomposição em "bits" de
raciocínio que possam ser integrados por um computador, ainda é um sonho distante.
Os designers de robôs tentam
resolver o problema de duas formas. Uma é simular o funcionamento do cérebro circuito a circuito, criando redes que sejam capazes de tomar decisões.
A outra, proposta por Rodney
Brooks, do MIT, é equipar os robôs com sistema visual, capacidades sociais e destreza manual de
crianças, para depois ensinar-lhes
bom senso. Se robôs autoconscientes estarão nas ruas em 2035,
é questão para os futurólogos.
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