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GASTRONOMIA
EAU
Christian Le Squer, com cotação máxima no Michelin, elogia cozinha baiana
Chef francês passa três noites em cozinha do Hyatt
JOSIMAR MELO
COLUNISTA DA FOLHA
Durante três noites a partir de
hoje São Paulo presencia a arte de
um cozinheiro que atingiu o auge
da profissão num país onde a concorrência é pesada, a França.
Christian Le Squer, desde 1998
chef de cozinha do restaurante
Ledoyen, de Paris, está até sábado
no restaurante Eau, comemorando o segundo aniversário do hotel
Grand Hyatt São Paulo. Ele detém, desde 2002, a cotação máxima (três estrelas) no guia de restaurantes mais prestigioso do
mundo, o Michelin.
Aos 42 anos, Le Squer, nascido
na região da Bretanha, já passou
por grandes cozinhas em seu país,
como a do Taillevent. Mas foi a
primeira delas a que mais o marcou: a do extinto restaurante Archestrate, cujo proprietário, Alain
Senderens, hoje comanda o também triestrelado Lucas-Carton.
"Ele foi o primeiro a ter uma grande visão de mundo. Ele viajava
sempre, chegava com ingredientes novos, foi o primeiro a ir ao Japão", lembra Le Squer, evocando
o mais cerebral dos chefs da "nouvelle cuisine" francesa dos 70/80.
É um pouco esta inquietação de
seu ídolo que marca hoje sua cozinha moderna e criativa. Mas é
uma inquietação mediada pelos
novos tempos da cozinha francesa, onde já não urge mais a procura do moderno a todo custo. "Hoje existe uma volta às tradições.
Os jovens pensam em resgatar os
valores da cozinha regional. As
coisas estavam ficando muito
iguais em todo o mundo", diz.
O que mais o preocupa é a sobrevivência da grande cozinha,
que se tornou muito cara. Enquanto ele acredita nos restaurantes mais simples e divertidos, que
atraiam grande público, acha cada vez mais difícil manter as casas
sofisticadas e luxuosas. Em compensação, outro fantasma que
ronda a cozinha francesa, uma suposta queda de prestígio mundial
diante da crescente importância
da cozinha espanhola, não o preocupa. "A cozinha de grandes chefs
como Ferran Adrià (do El Bulli)
não é uma cozinha espanhola, é
uma cozinha moderna, que pode
ser feita em qualquer lugar."
E a cozinha brasileira? Le Squer
já a conheceu quando aqui esteve
dois anos atrás, participando do
festival gastronômico de Tiradentes (MG). Ele visitou também a
Bahia e o Rio de Janeiro. O que
mais o impressionou foi a cozinha
baiana. "Ao contrário dos rodízios, que são gostosos mas não
têm arte, a cozinha baiana requer
a arte do cozinheiro; é algo trabalhado, e de resultado muito característico e aromático", diz.
Afinal, para ele a cozinha tem
que ser gostosa. É o que ele tentará mostrar no menu que compôs
para São Paulo, com pratos de seu
restaurante escolhidos em conjunto com o chef Pascal Valero
(do Eau), para que pudessem ser
executados com ingredientes disponíveis no Brasil. O menu-degustação tem duas entradas, dois
pratos principais, sobremesa,
queijos e petit-four.
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