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IMAGEM
Visual é de um macabro dândi pós-moderno
ERIKA PALOMINO
Colunista da Folha
Marilyn Manson é das melhores
coisas que a cultura pop conseguiu
produzir nos últimos tempos. E
acompanhar sua iconografia é um
delicioso exercício de estilo.
Teses e pontos de partida são vários. Como qualquer pós-moderno que se preze, Manson mistura
referenciais o tempo todo.
Bruto e agressivo, tem alguma
coisa feminina. Gay? Quem sabe e
quem se importa... Grotesco, consegue ainda ter incontestáveis traços de beleza.
Espécie de Nietzsche às avessas,
prega não um super-homem, mas
proclama-se o Anticristo Superstar, celebrando à sua moda "the
beautiful people".
No clipe "The Beautiful People",
exatamente, aparece com aquelas
armações de metal com que se tira
radiografia no dentista (a cena
mais exótica), entre outros mimos.
A boca escancarada, desafiadora e
aflitiva.
Fetiche
Marilyn Manson é um exagerado. Seu terror de boutique aciona
todas as armas do imaginário de
perversões. O look -calculadíssimo- traz referências ao universo
do fetiche (máscaras, vinil, couro,
preto e itens das práticas sadomasoquistas). Tatuagens são como
vírgulas; cicatrizes e piercings viram hype.
O rosto é sempre branco; os
olhos negros. A boca vem borrada
e escura, de dar medo. Claro que o
histórico do visual chocante não é
de hoje. Olhar para Marilyn Manson é se lembrar, empiricamente,
de pares como Alice Cooper, Kiss e
mesmo o comedor de pintinhos
Ozzy Osbourne.
Mas Manson vai além, trabalhando -dentro do possível- o
vocabulário pop com niilismo e o
máximo de descrença que tanta
celebridade permite.
Aparece como um macabro dândi em versão anos 90, depurando
seu look com elementos de moda
sofisticados e modernos, tangendo até um estilo gótico -atualizado, claro. Até porque sua referência mais próxima é o clima noir de
seu mentor e padrinho Trent Reznor, do Nine Inch Nails.
Hidra
Segundo consta, Manson descreve a si mesmo utilizando várias
metáforas e imagens -uma cobra, um anjo, um alien e/ou a Hidra da mitologia grega.
De fato, como uma hidra que
ameaça a ordem social, Manson
tornou-se hoje um dos maiores
pesadelos de pais em todo o mundo, preocupados com sua soturna
mensagem de música e de vida.
Se você fosse Marilyn Manson,
como seus pais o chamariam? A
mãe dele o chama de Brian; o pai,
de Manson, revela a "Rolling Stone", numa das incontáveis revistas
dais quais ele foi capa.
O apelo para mídia e público é
incontrolável -daí tanto pânico
paterno. Do outro lado, quando
Courtney Love se transforma na
top model do momento, é bom ter
Manson por perto para fazer algumas besteiras.
Mesmo porque, como já disse
nosso anticristo de plantão, perverso mesmo é cantar "Hello", de
Lionel Ritchie. E ele o faz.
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