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DOCUMENTÁRIO
"Massoud" reconstitui trajeto de líder afegão
PAULO DANIEL FARAH
ESPECIAL PARA A FOLHA
"Uma gota de chuva não era nada. Quando ela cai sobre uma pérola, torna-se pérola. O mesmo
acontece com a coragem. Minha
coragem é uma pérola. Um nada
se junta a ela e torna-se pérola."
Quem declama o poema e exorta seus compatriotas a interpretar
os versos em uma breve aula de literatura é o líder afegão Ahmed
Shah Massoud, morto em um
atentado dois dias antes dos ataques contra o World Trade Center e o Pentágono, em 2001.
A cena faz parte do filme "Massoud, o Afegão", que o GNT exibe
hoje e reconstitui momentos importantes da vida desse comandante conhecido como "leão do
Panchir" (vale no Afeganistão que
se tornou o bastião da resistência
à ocupação soviética, entre 1979 e
1989, e, mais tarde, ao grupo extremista Taleban).
O diretor francês compara Massoud a Che Guevara (1928-67) e o
descreve como um líder extremamente carismático. Não é à toa
que, em novembro de 2001, o Afeganistão denominou um campeonato de futebol -organizado
para definir a seleção nacional-
de Copa Ahmed Shah Massoud.
O filme mostra trechos de vários documentários (de 1981 até
1997) sobre o comandante da coalizão oposicionista Aliança do
Norte e sobre a história recente
afegã, incluindo os enfrentamentos quase diários entre a Aliança
do Norte (composta por membros das minorias tadjique, uzbeque e hazara em um país de maioria étnica pashtu) e o Taleban, até
que esse movimento islâmico
passa a controlar a maior parte do
Afeganistão em 1996.
"Poesia, música, TV, rádio, pipas... tudo era proibido. Uma nova ditadura se instalara financiada
pelos paquistaneses, sauditas e
norte-americanos", diz o filme
sobre a era Taleban.
Ao final, o diretor questiona:
"Quem se importa com o Afeganistão, um país longínquo e em
guerra?" e diz: "Eu realmente espero que ele [Massoud] continue
vivo quando este filme for exibido". Como se sabe, Massoud foi
morto num ataque suicida em
que os assassinos se passaram por
jornalistas. A bomba teria sido
instalada na filmadora que os
"jornalistas" carregavam.
Paulo Daniel Farah é professor na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP
MASSOUD, O AFEGÃO. Quando: hoje, à
0h30, no GNT.
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