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São Paulo, sexta-feira, 05 de setembro de 2003

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DOCUMENTÁRIO

"Massoud" reconstitui trajeto de líder afegão

PAULO DANIEL FARAH
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Uma gota de chuva não era nada. Quando ela cai sobre uma pérola, torna-se pérola. O mesmo acontece com a coragem. Minha coragem é uma pérola. Um nada se junta a ela e torna-se pérola."
Quem declama o poema e exorta seus compatriotas a interpretar os versos em uma breve aula de literatura é o líder afegão Ahmed Shah Massoud, morto em um atentado dois dias antes dos ataques contra o World Trade Center e o Pentágono, em 2001.
A cena faz parte do filme "Massoud, o Afegão", que o GNT exibe hoje e reconstitui momentos importantes da vida desse comandante conhecido como "leão do Panchir" (vale no Afeganistão que se tornou o bastião da resistência à ocupação soviética, entre 1979 e 1989, e, mais tarde, ao grupo extremista Taleban).
O diretor francês compara Massoud a Che Guevara (1928-67) e o descreve como um líder extremamente carismático. Não é à toa que, em novembro de 2001, o Afeganistão denominou um campeonato de futebol -organizado para definir a seleção nacional- de Copa Ahmed Shah Massoud.
O filme mostra trechos de vários documentários (de 1981 até 1997) sobre o comandante da coalizão oposicionista Aliança do Norte e sobre a história recente afegã, incluindo os enfrentamentos quase diários entre a Aliança do Norte (composta por membros das minorias tadjique, uzbeque e hazara em um país de maioria étnica pashtu) e o Taleban, até que esse movimento islâmico passa a controlar a maior parte do Afeganistão em 1996.
"Poesia, música, TV, rádio, pipas... tudo era proibido. Uma nova ditadura se instalara financiada pelos paquistaneses, sauditas e norte-americanos", diz o filme sobre a era Taleban.
Ao final, o diretor questiona: "Quem se importa com o Afeganistão, um país longínquo e em guerra?" e diz: "Eu realmente espero que ele [Massoud] continue vivo quando este filme for exibido". Como se sabe, Massoud foi morto num ataque suicida em que os assassinos se passaram por jornalistas. A bomba teria sido instalada na filmadora que os "jornalistas" carregavam.


Paulo Daniel Farah é professor na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP

MASSOUD, O AFEGÃO. Quando: hoje, à 0h30, no GNT.


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