São Paulo, sexta-feira, 05 de setembro de 2008

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Última Moda

ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@grupofolha.com.br

Brasileiros enfrentam Nova York

Quatro grifes desfilam na fashion week americana, que começa hoje; Seu Jorge fará show para Miele

Quatro grifes brasileiras se preparam para mostrar suas coleções nas passarelas da semana de moda de Nova York, que começa hoje e vai até o dia 12: Carlos Miele, Herchcovitch; Alexandre, Iodice e Rosa Chá (feminino). É o maior número de marcas do Brasil na Mercedes Benz Fashion Week (nome oficial do evento) desde 2006.
Apesar de a moda insistir em constituir-se como um mundo à parte, a semana nova-iorquina deve ser marcada, por um lado, pelas expectativas com a proximidade das eleições presidenciais americanas, e, por outro, pelos receios de uma crise econômica nos EUA, na Europa e no ganancioso mercado fashion japonês.
As marcas brasileiras precisam rebolar para chamar a atenção da crítica especializada e do mercado em meio a mais de cem desfiles, oficiais e extra-oficiais. Mas a temporada primavera-verão tende a ser mais propícia a elas, por ser a hora de mostrar a moda praia do país, bem como a desenvoltura das silhuetas, das cores e das estampas nacionais para o calor.
Miele fará uma surpresa para os convidados: uma performance de Seu Jorge, que criou uma trilha especial para o desfile. "Terá muito swing brasileiro", antecipa o estilista.
As grifes Carlos Miele e Rosa Chá (feminino) só desfilam nos EUA e, portanto, mostrarão coleções inéditas. Herchcovitch e Iodice vão reapresentar as coleções exibidas em junho na São Paulo Fashion Week.
Um desfile em Nova York pode custar para uma grife brasileira entre 30% e 100% a mais do que uma apresentação na SPFW. O desfile da grife Rosa Chá, por exemplo, está orçado em R$ 400 mil. "É praticamente o dobro do que eu precisaria no Brasil", diz o estilista Amir Slama. A marca Herchcovitch; Alexandre calcula que gastará em torno de US$ 200 mil (cerca de R$ 330 mil). A Iodice, cujo desfile na SPFW custou R$ 150 mil, deve gastar 30% a mais.
Para bancar as despesas, os estilistas contam, sobretudo, com um patrocínio de US$ 70 mil (cerca de R$ 116 mil) da Apex (Agência Brasileira de Promoção e Exportações), distribuído por intermédio da Abest (Associação Brasileira de Estilistas). Eles também recebem apoio da Embratur, de empresas brasileiras interessadas em visibilidade no exterior e usam recursos próprios.
Fora os custos elevados, as grifes brasileiras precisam se esforçar para chamar a atenção da crítica e dos compradores. Levar ao desfile um jornalista estrangeiro muito prestigioso -como Suzy Menkes, do "International Herald Tribune"- é tarefa hercúlea para as assessorias. Poucas conseguem.
A competição mercantil também é feroz, ainda mais em tempos de crise econômica. Mas os brasileiros apontam conquistas para as suas grifes desde que começaram a se apresentar na cidade. "A presença em Nova York irradiou a distribuição das roupas da Rosa Chá para o mercado japonês e europeu", diz Amir Slama, que desfila em Nova York desde 2000 e abriu no último mês a primeira loja da marca na cidade -que custou US$ 1,5 milhão.
Miele também diz que Nova York ajudou a incrementar seus negócios nos EUA e em outros territórios. "Tenho obtido resultados positivos da imprensa e de compradores em mais de 23 países", conta. Ele já possui lojas da Carlos Miele em Nova York e em Paris. Recentemente, abriu em Miami a primeira loja fora do Brasil da linha casual Miele, com a qual pretende futuramente desfilar na semana de moda de Milão.
Para Valdemar Iodice, que fará o seu segundo desfile americano, a apresentação em Nova York é parte de uma estratégia de longo prazo no mercado americano. "É uma conseqüência. Hoje já estamos com 130 pontos de venda nos EUA", diz.
Herchcovitch desfila no exterior desde 1998 e assinala a importância das passarelas nova-iorquinas para o reconhecimento internacional de sua grife. "Os jornalistas vêm observando meu trabalho há uma década e já estão familiarizados com ele", observa. Ele vendeu recentemente de 70% de seus negócios para o grupo Inbrands e está agora planejando a abertura da primeira loja Herchcovitch, dedicada ao jeanswear.
A semana de moda de Nova York é só o início da temporada primavera-verão 2008/09 no Hemisfério Norte, que segue com as fashion weeks de Londres (de 14 a 19/9), Milão (de 20 a 27/9) e Paris (de 27/9 a 5/10).

com VIVIAN WHITEMAN



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