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Última Moda
ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@grupofolha.com.br
Brasileiros enfrentam Nova York
Quatro grifes desfilam na fashion week americana, que começa hoje;
Seu Jorge fará show para Miele
Quatro grifes brasileiras se
preparam para mostrar suas
coleções nas passarelas da semana de moda de Nova York,
que começa hoje e vai até o dia
12: Carlos Miele, Herchcovitch;
Alexandre, Iodice e Rosa Chá
(feminino). É o maior número
de marcas do Brasil na Mercedes Benz Fashion Week (nome
oficial do evento) desde 2006.
Apesar de a moda insistir em
constituir-se como um mundo
à parte, a semana nova-iorquina deve ser marcada, por um lado, pelas expectativas com a
proximidade das eleições presidenciais americanas, e, por outro, pelos receios de uma crise
econômica nos EUA, na Europa e no ganancioso mercado
fashion japonês.
As marcas brasileiras precisam rebolar para chamar a
atenção da crítica especializada
e do mercado em meio a mais
de cem desfiles, oficiais e extra-oficiais. Mas a temporada primavera-verão tende a ser mais
propícia a elas, por ser a hora de
mostrar a moda praia do país,
bem como a desenvoltura das
silhuetas, das cores e das estampas nacionais para o calor.
Miele fará uma surpresa para
os convidados: uma performance de Seu Jorge, que criou
uma trilha especial para o desfile. "Terá muito swing brasileiro", antecipa o estilista.
As grifes Carlos Miele e Rosa
Chá (feminino) só desfilam nos
EUA e, portanto, mostrarão coleções inéditas. Herchcovitch e
Iodice vão reapresentar as coleções exibidas em junho na
São Paulo Fashion Week.
Um desfile em Nova York pode custar para uma grife brasileira entre 30% e 100% a mais
do que uma apresentação na
SPFW. O desfile da grife Rosa
Chá, por exemplo, está orçado
em R$ 400 mil. "É praticamente o dobro do que eu precisaria
no Brasil", diz o estilista Amir
Slama. A marca Herchcovitch;
Alexandre calcula que gastará
em torno de US$ 200 mil (cerca
de R$ 330 mil). A Iodice, cujo
desfile na SPFW custou R$ 150
mil, deve gastar 30% a mais.
Para bancar as despesas, os
estilistas contam, sobretudo,
com um patrocínio de US$ 70
mil (cerca de R$ 116 mil) da
Apex (Agência Brasileira de
Promoção e Exportações), distribuído por intermédio da
Abest (Associação Brasileira de
Estilistas). Eles também recebem apoio da Embratur, de empresas brasileiras interessadas
em visibilidade no exterior e
usam recursos próprios.
Fora os custos elevados, as
grifes brasileiras precisam se
esforçar para chamar a atenção
da crítica e dos compradores.
Levar ao desfile um jornalista
estrangeiro muito prestigioso
-como Suzy Menkes, do "International Herald Tribune"-
é tarefa hercúlea para as assessorias. Poucas conseguem.
A competição mercantil também é feroz, ainda mais em
tempos de crise econômica.
Mas os brasileiros apontam
conquistas para as suas grifes
desde que começaram a se
apresentar na cidade. "A presença em Nova York irradiou a
distribuição das roupas da Rosa
Chá para o mercado japonês e
europeu", diz Amir Slama, que
desfila em Nova York desde
2000 e abriu no último mês a
primeira loja da marca na cidade -que custou US$ 1,5 milhão.
Miele também diz que Nova
York ajudou a incrementar
seus negócios nos EUA e em
outros territórios. "Tenho obtido resultados positivos da imprensa e de compradores em
mais de 23 países", conta. Ele já
possui lojas da Carlos Miele em
Nova York e em Paris. Recentemente, abriu em Miami a primeira loja fora do Brasil da linha casual Miele, com a qual
pretende futuramente desfilar
na semana de moda de Milão.
Para Valdemar Iodice, que
fará o seu segundo desfile americano, a apresentação em Nova York é parte de uma estratégia de longo prazo no mercado
americano. "É uma conseqüência. Hoje já estamos com 130
pontos de venda nos EUA", diz.
Herchcovitch desfila no exterior desde 1998 e assinala a
importância das passarelas nova-iorquinas para o reconhecimento internacional de sua grife. "Os jornalistas vêm observando meu trabalho há uma década e já estão familiarizados
com ele", observa. Ele vendeu
recentemente de 70% de seus
negócios para o grupo Inbrands
e está agora planejando a abertura da primeira loja Herchcovitch, dedicada ao jeanswear.
A semana de moda de Nova
York é só o início da temporada
primavera-verão 2008/09 no
Hemisfério Norte, que segue
com as fashion weeks de Londres (de 14 a 19/9), Milão (de 20
a 27/9) e Paris (de 27/9 a 5/10).
com VIVIAN WHITEMAN
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