São Paulo, sexta-feira, 05 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ator Fernando Torres morre aos 80 no Rio

Também produtor e diretor, ele deixa a mulher, Fernanda Montenegro, e os filhos Fernanda Torres e Cláudio Torres

Artista, que morreu ontem de insuficiência respiratória provocada por enfisema pulmonar, terá seu corpo cremado hoje no Rio


DA SUCURSAL DO RIO

Patriarca de uma família de artistas, o ator, diretor e produtor Fernando Torres morreu ontem, aos 80 anos, no Rio. Ele era casado com a atriz Fernanda Montenegro e pai da também atriz Fernanda Torres e do cineasta Cláudio Torres. Deixa ainda três netos.
O ator estava em sua casa, em Ipanema, quando sofreu insuficiência respiratória, causada por enfisema pulmonar. Não houve velório, e o corpo será cremado hoje no Memorial do Carmo, no cemitério do Caju.
Fernando Monteiro Torres nasceu em 14 de novembro de 1927, em Guaçuí (ES). Formou-se em medicina já no Rio, mas foi nos palcos que construiu sólida carreira. A estréia aconteceu em 1949, atuando em "A Dama da Madrugada". No ano seguinte, conheceu Fernanda Montenegro na peça "Alegres Canções nas Montanhas", a primeira da atriz. Casaram-se dois anos depois.
Juntos, eles se mudaram para São Paulo em 1954, contratados pela companhia de Maria Della Costa. Torres atuou em "O Canto da Cotovia" e foi assistente de direção de Gianni Ratto em "Com a Pulga Atrás da Orelha" e "A Moratória".
Ingressou em 1956 no TBC (Teatro Brasileiro de Comédia). Assinou pela primeira vez a direção de uma peça em 1958: "Quartos Separados". No ano seguinte, de volta ao Rio, fundou a sua própria companhia, o Teatro dos Sete, ao lado de Fernanda, Sérgio Britto, Ítalo Rossi e outros. Brilhou como diretor em "O Beijo no Asfalto", de Nelson Rodrigues, em 1961.
Com o fim do grupo, em 1966, iniciou importantes direções: "O Homem do Princípio ao Fim" (1966), "A Mais Sólida Mansão" (1973) e outras.
Como ator, destacou-se em "A Longa Noite de Cristal" (1970), "O Interrogatório" (1970) e "Seria Cômico... Se Não Fosse Sério" (1973).
Em muitos desses trabalhos, também foi produtor. Na função, seu pior momento foi ter sido impedido pela Censura, às vésperas da estréia, de encenar "Calabar", de Chico Buarque e Ruy Guerra, em 1973.

"Perde o teatro brasileiro"
Na TV, estreou em 1963, e fez participações esporádicas em seriados e novelas, com destaque para "Baila Comigo" (1981), de Manoel Carlos. O autor lamentou ontem a morte do amigo: "Perde o teatro brasileiro, perdem muito as pessoas que o amavam tanto como eu".
No cinema, trabalhou com diretores como Arnaldo Jabor, Hector Babenco, Cacá Diegues e Walter Lima Jr.. Seu último filme foi "Redentor" (2004), do filho Cláudio Torres.
"Ele foi um lutador. Vai fazer muita falta, especialmente para a Fernanda. Nunca conheci duas pessoas tão apaixonadas", disse Sérgio Britto.
O ator e o diretor Domingos Oliveira o definiu como "o homem bom da classe teatral". "Muito do que a Fernanda Montenegro é, do que a Fernandinha Torres é, e elas são talvez as duas maiores atrizes do país, tem a ver com o Fernando", disse.
"Fui muito inspirado e comovido pela paixão que ele sempre teve pelo teatro", disse o diretor Aderbal Freire-Filho.


Texto Anterior: Carlos Heitor Cony
Próximo Texto: Homem de sorte, teve senso agudo do teatro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.