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Ator Fernando Torres morre aos 80 no Rio
Também produtor e diretor, ele deixa a mulher, Fernanda Montenegro, e os filhos Fernanda Torres e Cláudio Torres
Artista, que morreu ontem de insuficiência respiratória provocada por enfisema pulmonar, terá seu corpo cremado hoje no Rio
DA SUCURSAL DO RIO
Patriarca de uma família de
artistas, o ator, diretor e produtor Fernando Torres morreu
ontem, aos 80 anos, no Rio. Ele
era casado com a atriz Fernanda Montenegro e pai da também atriz Fernanda Torres e do
cineasta Cláudio Torres. Deixa
ainda três netos.
O ator estava em sua casa, em
Ipanema, quando sofreu insuficiência respiratória, causada
por enfisema pulmonar. Não
houve velório, e o corpo será
cremado hoje no Memorial do
Carmo, no cemitério do Caju.
Fernando Monteiro Torres
nasceu em 14 de novembro de
1927, em Guaçuí (ES). Formou-se em medicina já no Rio, mas
foi nos palcos que construiu sólida carreira. A estréia aconteceu em 1949, atuando em "A
Dama da Madrugada". No ano
seguinte, conheceu Fernanda
Montenegro na peça "Alegres
Canções nas Montanhas", a
primeira da atriz. Casaram-se
dois anos depois.
Juntos, eles se mudaram para São Paulo em 1954, contratados pela companhia de Maria
Della Costa. Torres atuou em
"O Canto da Cotovia" e foi assistente de direção de Gianni
Ratto em "Com a Pulga Atrás
da Orelha" e "A Moratória".
Ingressou em 1956 no TBC
(Teatro Brasileiro de Comédia). Assinou pela primeira vez
a direção de uma peça em 1958:
"Quartos Separados". No ano
seguinte, de volta ao Rio, fundou a sua própria companhia, o
Teatro dos Sete, ao lado de Fernanda, Sérgio Britto, Ítalo Rossi e outros. Brilhou como diretor em "O Beijo no Asfalto", de
Nelson Rodrigues, em 1961.
Com o fim do grupo, em
1966, iniciou importantes direções: "O Homem do Princípio
ao Fim" (1966), "A Mais Sólida
Mansão" (1973) e outras.
Como ator, destacou-se em
"A Longa Noite de Cristal"
(1970), "O Interrogatório"
(1970) e "Seria Cômico... Se
Não Fosse Sério" (1973).
Em muitos desses trabalhos,
também foi produtor. Na função, seu pior momento foi ter
sido impedido pela Censura, às
vésperas da estréia, de encenar
"Calabar", de Chico Buarque e
Ruy Guerra, em 1973.
"Perde o teatro brasileiro"
Na TV, estreou em 1963, e fez
participações esporádicas em
seriados e novelas, com destaque para "Baila Comigo" (1981),
de Manoel Carlos. O autor lamentou ontem a morte do amigo: "Perde o teatro brasileiro,
perdem muito as pessoas que o
amavam tanto como eu".
No cinema, trabalhou com
diretores como Arnaldo Jabor,
Hector Babenco, Cacá Diegues
e Walter Lima Jr.. Seu último
filme foi "Redentor" (2004), do
filho Cláudio Torres.
"Ele foi um lutador. Vai fazer
muita falta, especialmente para
a Fernanda. Nunca conheci
duas pessoas tão apaixonadas",
disse Sérgio Britto.
O ator e o diretor Domingos
Oliveira o definiu como "o homem bom da classe teatral".
"Muito do que a Fernanda
Montenegro é, do que a Fernandinha Torres é, e elas são
talvez as duas maiores atrizes
do país, tem a ver com o Fernando", disse.
"Fui muito inspirado e comovido pela paixão que ele
sempre teve pelo teatro", disse
o diretor Aderbal Freire-Filho.
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