São Paulo, sexta-feira, 05 de outubro de 2001

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CRÍTICA

Obra ajuda a relativizar crenças ocidentais

DA ENVIADA AO RIO

Uma produção que ressalta a família como valor essencial, com uma ambientação vibrante e ruidosa, que faz pensar que os indianos são os italianos do Oriente. Após assistir a "Um Casamento à Indiana" uma certa dúvida pode chegar à cabeça: como um filme tão alegre e com tão pequena dose de conflito pode ter conquistado o Leão de Ouro em Veneza, já que festivais costumam prezar tramas "engajadas"?
Não se deve esperar críticas ao sistema de castas, ao casamento arranjado, às diferenças sociais na Índia. Mira Nair quis retratar sua cultura a partir do lado de dentro.
A platéia, mesmo no Rio, aplaudiu o resultado, composto habilmente, com cores fortes e ritmos sedutores, que fornecem uma primeira resposta à tal dúvida. A câmera na mão colabora para introduzir o espectador no frenesi dos preparativos da cerimônia.
O caráter "exótico" pode ter ajudado. Mas, ao premiar Nair, o júri se mostrou moderno, como que antevendo que a tolerância cultural voltaria a ser lembrada como premissa para paz.
Nair e a roteirista Sabrina Dhawan poderiam ter criado um casal que se rebelasse contra as convenções ou um par maduro que mantivesse a paixão. Espertamente, porém, não cederam às fantasias românticas para tecer sua fábula. Buscando a verossimilhança, o filme mostra ao Narciso ocidental que seu espelho pode deformar. É como se dissesse: "Olhe, assim vivemos e assim somos felizes". (FRANCESCA ANGIOLILLO)


Um Casamento à Indiana
Monsoon Wedding
    
Direção: Mira Nair
Produção: Índia, 2001
Com: Naseerudin Shah, Lillete Dubey
Quando: hoje, às 16h30, no Estação Barra Point; amanhã, às 21h30, no Estação Ipanema; e domingo, às 19h, no Espaço Unibanco, no Rio




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