São Paulo, sexta-feira, 05 de outubro de 2001

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CRÍTICA

Hong Kong ensina Hollywood com esforço coletivo

TIAGO MATA MACHADO
CRÍTICO DA FOLHA

De olho no mercado asiático, Hollywood pode fazer do sucesso do encontro sino-afro-americano da série "A Hora do Rush" um exemplo. Para a indústria americana, a lição não é só a fórmula bem-sucedida. Hollywood pode redescobrir, no contato com Hong Kong, os atributos que faziam outrora a excelência de seu sistema de produção.
O segredo é apenas este: trabalho coletivo. O que faz o vigor dos filmes comerciais produzidos em Hong Kong é, antes de tudo, o afinco e a disposição com que um grupo se lança ao trabalho, espírito que o cinema americano perdeu com o tempo e o pragmatismo tecnológico e mercadológico.
"A Hora do Rush 2" não passaria de uma produção comercial banal e recorrente se não fosse animada por um espírito assim.
A lição primeira, nesse sentido, vem de Jackie Chan, o grande astro dos filmes de luta produzidos em Hong Kong. Criador de suas próprias coreografias, Chan é um carismático acrobata cuja arte, sinônimo de suor, trabalho e risco, nunca precisou da muleta dos efeitos especiais. O talento desse "artista de circo" faz lembrar que a função (comercial) do cinema, em seus primórdios, foi ser uma atração de feira, de quermesse, e seu circuito seguia o circuito dos vaudevilles e dos trens de circo.
A arte de Chan não deixa de expressar, portanto, a essência do cinema comercial e popular. Nos entreatos dos números de Chan, o palhaço Chris Tucker segura o público. O personagem é o clichê do afro-americano criador de problemas, e o ator, tagarela e insinuante, ganha fácil do empertigado Will Smith na disputa pelo trono de Eddie Murphy.
Tucker entra com a comédia e se vira com a ação. Chan entra com a ação e se vira com a comédia. No ranking de duplas de cinema, ocupam o primeiro lugar e já estão escalados para o terceiro da série, a ser lançado em 2004.
Quem também deve ser reconvocado é o diretor Brett Ratner, responsável pelos dois sucessos. A trinca formada pelo diretor e por sua dupla de curingas parece curtir o que faz, e um bom set de filmagem já é quase um bom filme.


A Hora do Rush 2
Rush Hour 2
  
Direção: Brett Ratner
Produção: EUA, 2001
Com: Jackie Chan, Chris Tucker Quando: a partir de hoje nos cines Anália Franco, Center Norte e circuito




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