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CRÍTICA
Hong Kong ensina Hollywood com esforço coletivo
TIAGO MATA MACHADO
CRÍTICO DA FOLHA
De olho no mercado asiático, Hollywood pode fazer do
sucesso do encontro sino-afro-americano da série "A Hora do
Rush" um exemplo. Para a indústria americana, a lição não é só a
fórmula bem-sucedida. Hollywood pode redescobrir, no contato com Hong Kong, os atributos
que faziam outrora a excelência
de seu sistema de produção.
O segredo é apenas este: trabalho coletivo. O que faz o vigor dos
filmes comerciais produzidos em
Hong Kong é, antes de tudo, o
afinco e a disposição com que um
grupo se lança ao trabalho, espírito que o cinema americano perdeu com o tempo e o pragmatismo tecnológico e mercadológico.
"A Hora do Rush 2" não passaria de uma produção comercial
banal e recorrente se não fosse
animada por um espírito assim.
A lição primeira, nesse sentido,
vem de Jackie Chan, o grande astro dos filmes de luta produzidos
em Hong Kong. Criador de suas
próprias coreografias, Chan é um
carismático acrobata cuja arte, sinônimo de suor, trabalho e risco,
nunca precisou da muleta dos
efeitos especiais. O talento desse
"artista de circo" faz lembrar que
a função (comercial) do cinema,
em seus primórdios, foi ser uma
atração de feira, de quermesse, e
seu circuito seguia o circuito dos
vaudevilles e dos trens de circo.
A arte de Chan não deixa de expressar, portanto, a essência do
cinema comercial e popular. Nos
entreatos dos números de Chan, o
palhaço Chris Tucker segura o
público. O personagem é o clichê
do afro-americano criador de
problemas, e o ator, tagarela e insinuante, ganha fácil do empertigado Will Smith na disputa pelo
trono de Eddie Murphy.
Tucker entra com a comédia e
se vira com a ação. Chan entra
com a ação e se vira com a comédia. No ranking de duplas de cinema, ocupam o primeiro lugar e já
estão escalados para o terceiro da
série, a ser lançado em 2004.
Quem também deve ser reconvocado é o diretor Brett Ratner,
responsável pelos dois sucessos. A
trinca formada pelo diretor e por
sua dupla de curingas parece curtir o que faz, e um bom set de filmagem já é quase um bom filme.
A Hora do Rush 2
Rush Hour 2
Direção: Brett Ratner
Produção: EUA, 2001
Com: Jackie Chan, Chris Tucker
Quando: a partir de hoje nos cines
Anália Franco, Center Norte e circuito
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