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Com novo disco, DJ volta à Inglaterra e cria expectativa de igualar sucesso do colega renomado internacionalmente
Patife, o amigo magrinho de Marky
CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL
No começo dos anos 90, em Interlagos, zona sul de São Paulo,
Wagner Ribeiro de Souza ganhou
o apelido de Patife. Em 2001, na
Inglaterra, ele ganhou outro apelido: "the next brazilian boy".
"O próximo brasileiro" a que os
ingleses se referem é o DJ Patife,
25. A aposta é que ele iguale e
quem sabe até supere o sucesso
que o DJ Marky, o pioneiro, vem
fazendo por lá. O mais recente degrau da fama que Marky escalou
foi ser capa da revista "DJ" deste
mês. Coisa para poucos.
Daqui a 15 dias, Patife volta à
Europa com nova munição: o CD
"Cool Steps, Drum'n'Bass Grooves", que chega ao Brasil na semana que vem. Será a 13ª ida do DJ
ao continente europeu.
"Cool Steps" vem no embalo de
"Brazil EP", lançado na Inglaterra
pela tradicional gravadora de
drum'n'bass V Recordings. O
"EP", com remixes feitos por Patife para músicas de artistas brasileiros da nova geração (Max de
Castro, Fernanda Porto, XRS
Land), tornou-se vice-campeão
de vendas, em vinil, da gravadora.
Em 2001, Patife apareceu ao lado de Marky em megafestivais europeus, como o V, da gravadora
Virgin, e o Homelands. Cada vez
menos como coadjuvante.
"Começamos a história de Londres juntos. O Patife é um cara por
quem eu tenho uma admiração
bem grande", diz o amigo Marky.
"Antes os caras nem sabiam como eu me chamava, falavam de
mim como "o amigo magrinho do
Marky". Depois do "Brazil EP" é
que meu nome bombou. Não
gosto de ficar falando, mas a coisa
está ficando boa para mim lá na
Europa", disse Patife à Folha.
Depois de vender 12 mil cópias
do disco de estréia, "Sounds of
Drum'n'Bass", lançado em fevereiro de 2000, Patife retorna menos focado para as pistas.
"Quando fiz o primeiro CD,
uma das principais idéias era
mesclar momentos de pista e momentos só para relaxar. Acho que
esse ["Cool Steps'" é bom para
chill-outs", diz. Ao contrário de
"Sounds...", que só tinha músicas
de outros artistas, o novo CD tem
seis produções de Patife.
Foi como produtor, aliás, que
seu nome começou a se espalhar
pela Inglaterra. "Mostrei o remix
do Max de Castro para o Marky, e
ele pirou. Mostrei para o [DJ inglês" Fabio, e ele enlouqueceu, colocou no set dele. Até o [DJ-celebridade" Paul Oakenfold quis a
música", conta. Leia, a seguir, a
entrevista com o DJ Patife.
Folha - Como você explica o que
aconteceu com o Marky e agora
com você na Inglaterra?
Patife - Acho que as pessoas gostam do nosso jeito de tocar. Estamos sempre fazendo palhaçada,
sorrindo, dançando. A gente faz o
que gosta. Não que eu esteja deslumbrado. Mantenho os pés no
chão. Mas o fato de a gente ter entrado num circuito tão fechado
quanto o do d'n'b na Inglaterra...
acho demais. Nossa entrada mudou o comportamento de alguns
DJs de lá: tem cara que começou a
dançar mais e a conversar com o
público depois que chegamos. A
gente solta a franga mesmo.
Folha - A exemplo do que aconteceu com o "Brazil EP", "Cool Steps"
é recheado de ritmos brasileiros,
como a MPB. Você não teve medo
de misturar as estações?
Patife - "Sambassim", da Fernanda Porto, foi das primeiras
coisas que fiz como produtor, nada com tanto vocal em português.
Resolvi colocar minha cabeça na
foice. É claro que deu uma insegurança no começo. Mas senti uma
vibração boa em relação a essa
coisa de misturar música brasileira. As pessoas têm preconceito, isso precisa acabar.
Folha - Você acabou ficando mais
conhecido no Reino Unido como
produtor, não?
Patife - Exatamente, apesar de
eu ainda não me sentir um produtor. Tenho pouca experiência de
estúdio. Mas tem muita gente que
ganhou nome como produtor
sem nem saber apertar um botão.
Tenho as idéias, gravo, canto, batuco... enfim, direciono como a
coisa tem de ser feita. E as músicas
aparecem.
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