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TURISMO
Série faz exploração "descartável" da Europa
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REPORTAGEM LOCAL
O primeiro e o segundo episódios de "Eurotravel: Europa Desconhecida", que estréiam hoje, às
21h30, no Eurochannel, até partem de um pressuposto louvável:
desvendar ao telespectador um
universo inusitado, que ele dificilmente pensaria em explorar.
A narrativa privilegiada pelos
idealizadores da série, contudo,
torna o resultado desinteressante,
maculando a boa idéia original. A
preferência por instantâneos, por
histórias pessoais, que deveriam
representar o universo em sua totalidade torna os documentários
superficiais, sem nexo aparente.
Do primeiro episódio, "Paris-Moscou en Bus", seria normal esperar paisagens tão belas quanto
distintas, do verde das Ardenas na
divisa entre a França e a Bélgica ao
branco acizentado glacial de Belarus ou da Rússia, onde a temperatura, na viagem de ônibus mostrada no filme, chega a - 20 C.
Porém apenas instantâneos do
enfado ou da animação, dependendo do ponto das 60 horas de
viagem, dos passageiros são alvo
da atenção dos realizadores do
documentário. O problema é que
essa opção torna o enfado dos
personagens contagiante tal a falta de interesse do que é mostrado.
Não fica claro por que, entre 30
ou mais passageiros, são protagonistas uma francesa e o filho adolescente, um russo de volta para
casa após um período na França
ou um músico de circo. Também
não se explica o que os une, além
do acaso de terem escolhido o
mesmo meio de transporte.
No segundo episódio, "Savon
de Marseille", o objetivo é mostrar uma família de fabricantes do
tradicional sabonete do sul da
França cujo destino expõe as
agruras de toda a indústria regional. Embora menos entediante
por entrar num universo um pouco mais cativante para os leigos,
também fica longe de prender a
atenção telespectador.
Os filmes não desvendam mistérios nem chegam a ter o -discutível- interesse de um "reality show". São só descartáveis.
Europa Desconhecida
Quando: hoje, às 21h30, no Eurochannel
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