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O sertões de Peter Handke
Escritor austríaco lança romance que tem "Dom Quixote" como referência e diz em entrevista que é leitor dos brasileiros Guimarães Rosa e Euclydes da Cunha
Stringer - 08.abr.07/ Reuters
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Peter Handke visita uma igreja ortodoxa no vilarejo de
Velika Hoca, enclave sérvio no Kosovo
MARCOS STRECKER
DA REPORTAGEM LOCAL
O austríaco Peter Handke,
67, escolheu como personagem
para seu romance "A Perda da
Imagem ou Através da Sierra
de Gredos", que é lançado agora
no Brasil, uma banqueira que
decide fazer uma completa revisão de sua vida.
O livro foi lançado em 2002
na Europa, bem antes do quase
colapso econômico que deixou
o sistema financeiro em xeque
e arrasou a imagem de seus
agentes. Pode, portanto, ser
considerado uma espécie de
curiosa antevisão de um mundo que precisava fazer um balanço de seus valores.
Mas, como se trata do "enfant terrible" da literatura de
língua alemã, um escritor de
vanguarda que forçou uma revisão nos valores da geração
que criou um novo realismo no
pós-guerra, a obra de quase 600
páginas é escrita como parábola. Não há referências de cidades, o livro é atemporal.
Trata-se de um dos trabalhos
mais ousados de sua carreira.
Eterno candidato ao Prêmio
Nobel, o escritor, dramaturgo,
poeta, roteirista e cineasta Peter Handke comenta em entrevista sua obra, porém não dá
pistas sobre o espaço mítico e
medieval que retrata nesse livro. Mas se disse um leitor da literatura medieval e, surpreendentemente, dos brasileiros
Guimarães Rosa e Euclydes da
Cunha.
Handke fala das consequências da polêmica em que se envolveu durante o conflito nos
Bálcãs, quando compareceu ao
funeral de Slobodan Milosevic,
então acusado de crimes de
guerra. Mas evita comentar as
comemorações pelos 20 anos
da queda do Muro de Berlim.
"Sou austríaco", disse.
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