da Reportagem Local

A presença mais constante no especial "Tributo a Tim Maia", que vai ao ar hoje, às 21h30, no Multishow, é o fantasma do soulman, morto em março de 98.
Não é no bom sentido. A idéia esdrúxula de agregar vozes convidadas -e tão díspares quanto as de Jorge Ben Jor e Fafá de Belém, Ed Motta e Verônica Sabino, Cláudio Zoli e Toni Garrido, Sandra de Sá e Alcione- ao instrumental da banda Vitória Régia, que acompanhou Tim por anos a fio, só faz avolumar sua ausência.
Pois, se os sucessos são de Tim e a banda é de Tim, o que falta para ser o Tim? O vozeirão, é claro. E nessa brincadeira intérpretes que poderiam (ou não) dar novos enfoques a clássicos como "Azul da Cor do Mar" (70), "Você" (71) ou "Réu Confesso" (73) são rebaixados (ou conformados) à condição de meros bonecos de ventríloquo.
Exemplo dramático é Jorge Ben Jor em "Do Leme ao Pontal" (83). Talvez o artista mais credenciado (com Erasmo Carlos, Hyldon -ausentes do tributo- e Cassiano) a homenagear o amigo, viu-se confinado a acompanhante das backing vocals da Vitória Régia, num triste espetáculo.
O especial segue nesse compasso, com intervenções de intérpretes que vão dos experientes Luiz Melodia e Leny Andrade aos novos Pedro Camargo Mariano, Seu Jorge (do Farofa Carioca), Marcelo Falcão (do Rappa), Planet Hemp, Nocaute, Leo M. (filho adotivo de Tim). No final -surpresa- todos se unem para cantar "Vale Tudo".
Ah, antes tarde: há Lobão, também, cantando "Festa do Santo Reis" (71). A quem assistir, é bom saber que o eterno mascarado antecedeu o número -em que gritou à farta, tentando escapar do fantasma de Tim e da Vitória Régia- com farto discurso contra a hipocrisia dos que exilaram Tim Maia da TV em vida e se desfazem em homenagens agora. O discurso, adivinhe, foi suprimido.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)


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