São Paulo, Sexta-feira, 05 de Novembro de 1999
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MUNDO GOURMET
Flag traz surpresas

Divulgação
Salmão com molho tailandês, prato servido no novo restaurante Flag


JOSIMAR MELO
Colunista da Folha

Os homens da noite atacam novamente -sem esquecer que a noite paulistana requer gastronomia. O resultado é o novo Flag, clube noturno que se espelha no que foi o Gallery nos anos 70 e 80. Seus fundadores são o ex-sócio do Gallery, José Pascowitch, e os irmãos Henrique e Ricardo Amaral (Hippoppotamus e Banana Café).
A idéia do Flag é ser um clube privado. Diferente, por exemplo, do Leopolldo, que também reúne restaurante e boate (com bar e pista de dança), mas onde entra quem quiser (e puder pagar). No Flag, depois do período inicial, só entrará quem for sócio.
Valerá a pena? Esses lugares são -ou foram- locais ocupados por um público abonado, exibicionista e de gosto duvidoso, onde o fervor pelo dinheiro impera.
Dúvidas à parte, a comida do Flag pode revelar boas surpresas. A melhor delas foi importada do Rio de Janeiro. Trata-se de José Hugo Celidônio, dono do restaurante carioca Gourmet e de uma agitada biografia (que inclui uma passagem pela Folha, nos anos 70, como crítico gastronômico).
Antes de tudo um gourmet e bon vivant, Celidônio marcou o Rio como um dos primeiros a realizar o casamento da cozinha francesa com a brasileira.
É ele que assina, e supervisiona, de longe, o caro cardápio do Flag. Entre os destaques, a vichyssoise (sopa fria de alho-poró com batata), em que o ingrediente principal é substituído pelo palmito fresco; um curioso semifreddo (creme gelado de parmesão com peras e endívias); panquequinhas com pato e molho à chinesa; um adocicado peito de pato com chutney de morango e pêra ao vinho branco; e a picanha de cordeiro com leve purê de batata e grãos de mostarda.
Há itens, como sua panqueca de creme com calda de maracujá, que já são velhos conhecidas dos cariocas e, agora, muito bem-vindos em São Paulo.


Cotação: $$$$ Avaliação:  

Restaurante: Flag Endereço: av. 9 de Julho, 5.872 (Jardim Europa), tel. 0/xx/11/883-1766) Horário: segunda a sábado; 19h/ último cliente Ambiente: clássico afetado Serviço: profissional Cozinha: variada, com boas criações Cartões: todos Quanto: entradas, R$ 7,90 a R$ 25; risotos e massas, R$ 22 a R$ 35; pescados, R$ 28 e R$ 29; carnes e aves, R$ 27 a R$ 31;sobremesas, R$ 11 a R$ 13

$ (até R$ 22); $$ (R$ 22,01 a R$ 42); $$$ (de R$ 42,01 a R$62); $$$$ (acima de R$ 62). Avaliação: excelente    ; ótimo   ; bom  ; regular (sem estrela); ruim  

Falta
A gastronomia carioca ficou mais pobre com o desaparecimento de Juarezita Santos. Sócia do Quadrifoglio, ela foi pioneira no trabalho com os vinhos, pelos quais zelou com entusiasmo. Em sua homenagem, comamos e bebamos como ela nos permitia fazer.

Pérola
É admirável o trabalho do francês Franck Amaddio no restaurante Le Massilia (antigo nome da cidade de Marselha, na França). Ele fica em Belém do Pará, longe dos centros gastronômicos do Brasil, o que não o impede de servir iguarias de sua terra, como perninhas de rã à provençal, ou criar pratos franceses com ingredientes locais, como o magret de pato com molho de tucupi.

Tutu
É uma viagem no tempo sentar no bar do Jotaka (aberto na Juscelino Kubitscheck): em móveis anos 50, lendo revista Cruzeiro da mesma época, antes de comer comidinha mineira (já que JK era de lá).


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