São Paulo, Sexta-feira, 05 de Novembro de 1999
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Memória traiu Diderot

em Paris

Em 1761, o filósofo francês Denis Diderot (1713-1784) foi ao Salão do Louvre, em Paris, e fez o seguinte comentário sobre Chardin: "Quando vemos um de seus quadros, não nos enganamos: o reconhecemos em tudo. Veja a "Governanta com suas Crianças" e terá visto sua "Bênção"".
Um dos enciclopedistas, ao lado de d'Alembert, Voltaire, Montesquieu e Rousseau, Diderot se equivocou: no quadro "A Governanta", a que se refere, há apenas uma criança.
Diderot foi um dos mais entusiastas defensores da arte de Chardin. Considerava-o um ""grande mágico com suas composições mudas".
Mesmo assim, como mostra seu lapso de memória, conhecia mais a obra baseada em cenas do dia-a-dia de Chardin a partir das estampas que circulavam em Paris e que tornaram o pintor conhecido mesmo entre as camadas mais pobres e menos acostumadas aos salões de arte da cidade.
Pintar cenas do quotidiano não foi apenas uma opção estética de Chardin, mas também uma econômica.
Esses quadros tinham maior mercado entre os nobres e viravam reproduções, diferentemente do que acontecia com as peças de natureza morta.

Lentidão
Em comparação com os artistas de sua época, Chardin pintava pouco. Além de ter recebido encomendas de Luís 15, Chardin produziu para nobres austríacos, suecos, da Prússia e da Rússia. Nem por isso acelerava sua produção. ""Demoro porque tenho o hábito de só deixar minhas obras quando, aos meus olhos, não desejo mais nada nelas", dizia.
Para dar conta das encomendas, muitas vezes copiava a sua própria obra -pintava o mesmo quadro, com pequenas modificações de luz e objetos secundários.
Para quem gosta de brincar de jogo dos sete erros, a exposição do Grand Palais dá uma série de opções. A mais importante é a reunião, pela primeira vez, das três versões de "A Provedora".


Exposição: Chardin
Onde: Grand Palais (3, av. du Général Eisenhower - Metro Champs Elyssés-Clemanceau), Paris
Quando: das 10h às 20h (até 20 de novembro) de segunda a domingo, exceto às terças. A exposição segue para Düsseldorf (5.dez.99 a 20.fev.2000), Londres (9.mar.2000 a 28.mai.2000) e Nova York (19.jun.2000 a 17.set.2000)
Quanto: US$ 9



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