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Memória traiu Diderot
em Paris
Em 1761, o filósofo francês Denis Diderot (1713-1784) foi ao Salão do Louvre, em Paris, e fez o seguinte comentário sobre Chardin:
"Quando vemos um de seus quadros, não nos enganamos: o reconhecemos em tudo. Veja a "Governanta com suas Crianças" e terá visto sua "Bênção"".
Um dos enciclopedistas, ao lado
de d'Alembert, Voltaire, Montesquieu e Rousseau, Diderot se
equivocou: no quadro "A Governanta", a que se refere, há apenas
uma criança.
Diderot foi um dos mais entusiastas defensores da arte de
Chardin. Considerava-o um
""grande mágico com suas composições mudas".
Mesmo assim, como mostra seu
lapso de memória, conhecia mais
a obra baseada em cenas do dia-a-dia de Chardin a partir das estampas que circulavam em Paris e que
tornaram o pintor conhecido
mesmo entre as camadas mais
pobres e menos acostumadas aos
salões de arte da cidade.
Pintar cenas do quotidiano não
foi apenas uma opção estética de
Chardin, mas também uma econômica.
Esses quadros tinham maior
mercado entre os nobres e viravam reproduções, diferentemente do que acontecia com as peças
de natureza morta.
Lentidão
Em comparação com os artistas
de sua época, Chardin pintava
pouco. Além de ter recebido encomendas de Luís 15, Chardin
produziu para nobres austríacos,
suecos, da Prússia e da Rússia.
Nem por isso acelerava sua produção. ""Demoro porque tenho o
hábito de só deixar minhas obras
quando, aos meus olhos, não desejo mais nada nelas", dizia.
Para dar conta das encomendas, muitas vezes copiava a sua
própria obra -pintava o mesmo
quadro, com pequenas modificações de luz e objetos secundários.
Para quem gosta de brincar de
jogo dos sete erros, a exposição do
Grand Palais dá uma série de opções. A mais importante é a reunião, pela primeira vez, das três
versões de "A Provedora".
Exposição: Chardin
Onde: Grand Palais (3, av. du Général
Eisenhower - Metro Champs Elyssés-Clemanceau), Paris
Quando: das 10h às 20h (até 20 de
novembro) de segunda a domingo,
exceto às terças. A exposição segue para
Düsseldorf (5.dez.99 a 20.fev.2000),
Londres (9.mar.2000 a 28.mai.2000) e
Nova York (19.jun.2000 a 17.set.2000)
Quanto: US$ 9
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