|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FESTIVAL
Evento tem hoje shows com bandas dos países do Leste Europeu
Fiac abriga ciganos da
Romênia e da Hungria
free-lance para a Folha
A Romênia volta a marcar presença no Festival Internacional de
Artes Cênicas (Fiac). Depois do
Teatro Nacional de Craiova, destaque em duas edições, é a vez do
conjunto musical Taraf de Haidouks mostrar as raízes ciganas
do país do Leste Europeu.
Da mesma região, vem o grupo
Kek Lang, da Hungria. Ambos estréiam hoje no evento. Os húngaros no Sesc Pompéia e os romenos no Sesc Vila Mariana (Haidouks faz dobradinha com o
compositor Wagner Tiso).
As "taraf", ou orquestras, são
formadas por músicos autodidatas dos vilarejos romenos. Como
ocorre com muitas atrações do
festival deste ano, ancorado na
"Diáspora Cigana", eles participam de cerimônias religiosas e
festas populares.
O grupo possui um "lautari"
(músico tradicional), velho menestrel cigano que transmite lendas e histórias fantásticas oralmente para seus herdeiros. "Haidouks" é uma expressão romena
que remete aos ladrões à la Robin
Hood. Um dos integrantes do
Haidouks é o menestrel Necolae
Neacsu, 75. Dono de um "ouvido
de ouro", é dos últimos detentores da tradição "thsi" (contador
de histórias). Neacsu narra aventuras contemporâneas com revestimento arcaico.
O 12 instrumentistas e cantores
do Taraf de Haidouks, com idades entre 20 e 78 anos, moram no
vilarejo de Clejani, na Romênia. A
música do conjunto transcendeu
a geografia do país a partir dos
anos 90, época em que lançaram
dois discos com baladas medievais, canções dolentes e danças
dos Bálcãs e toques curdos.
As inflexões vocais são reminiscências dos ciganos indianos. Da
mesma linhagem descende o Kek
Lang, da cidade de Nyivasvári, no
leste da Hungria. O grupo ganhou
projeção a partir de 93, quando
apresentou-se em Paris e participou do filme "Latcho Drom", do
iugoslavo Emir Kusturica.
A jovem cantora Rai, 13, do Kek
Lang, ou "chama azul", como significa o nome do grupo em húngaro, pertence à família Rostas,
formada por tribos nômades. Os
12 artistas (músicos, cantores e
dançarinos) reúnem-se em círculo e entoam cantos polifônicos. O
único acompanhamento instrumental é um jarro metálico.
Texto Anterior: Música: Caetano, Gil, Chico e Gal celebram hoje o Descobrimento em Londres Próximo Texto: Artes Plásticas: Mautner exibe em SP seus quadros Índice
|