São Paulo, Sexta-feira, 05 de Novembro de 1999
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FESTIVAL
Evento tem hoje shows com bandas dos países do Leste Europeu
Fiac abriga ciganos da Romênia e da Hungria


free-lance para a Folha

A Romênia volta a marcar presença no Festival Internacional de Artes Cênicas (Fiac). Depois do Teatro Nacional de Craiova, destaque em duas edições, é a vez do conjunto musical Taraf de Haidouks mostrar as raízes ciganas do país do Leste Europeu.
Da mesma região, vem o grupo Kek Lang, da Hungria. Ambos estréiam hoje no evento. Os húngaros no Sesc Pompéia e os romenos no Sesc Vila Mariana (Haidouks faz dobradinha com o compositor Wagner Tiso).
As "taraf", ou orquestras, são formadas por músicos autodidatas dos vilarejos romenos. Como ocorre com muitas atrações do festival deste ano, ancorado na "Diáspora Cigana", eles participam de cerimônias religiosas e festas populares.
O grupo possui um "lautari" (músico tradicional), velho menestrel cigano que transmite lendas e histórias fantásticas oralmente para seus herdeiros. "Haidouks" é uma expressão romena que remete aos ladrões à la Robin Hood. Um dos integrantes do Haidouks é o menestrel Necolae Neacsu, 75. Dono de um "ouvido de ouro", é dos últimos detentores da tradição "thsi" (contador de histórias). Neacsu narra aventuras contemporâneas com revestimento arcaico.
O 12 instrumentistas e cantores do Taraf de Haidouks, com idades entre 20 e 78 anos, moram no vilarejo de Clejani, na Romênia. A música do conjunto transcendeu a geografia do país a partir dos anos 90, época em que lançaram dois discos com baladas medievais, canções dolentes e danças dos Bálcãs e toques curdos.
As inflexões vocais são reminiscências dos ciganos indianos. Da mesma linhagem descende o Kek Lang, da cidade de Nyivasvári, no leste da Hungria. O grupo ganhou projeção a partir de 93, quando apresentou-se em Paris e participou do filme "Latcho Drom", do iugoslavo Emir Kusturica.
A jovem cantora Rai, 13, do Kek Lang, ou "chama azul", como significa o nome do grupo em húngaro, pertence à família Rostas, formada por tribos nômades. Os 12 artistas (músicos, cantores e dançarinos) reúnem-se em círculo e entoam cantos polifônicos. O único acompanhamento instrumental é um jarro metálico.


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