São Paulo, terça-feira, 05 de novembro de 2002

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26ª MOSTRA DE CINEMA DE SP

Larry Clark, diretor que estreou no cinema com "Kids", mira no universo adolescente a partir do convívio com os pais em "Ken Park", que tem exibição hoje na "repescagem" da 26ª Mostra

Juventude perdida

Divulgação
James Bullard e Maeve Quinlan em cena de "Ken Park", de Larry Clark


LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REDAÇÃO

Uma dúvida persegue o cineasta/fotógrafo Larry Clark, 59, desde criança: "Quando eu era pequeno, tudo era segredo, nada era falado abertamente. Ficava me perguntando por que não podíamos mostrar tudo". Foi por causa disso que Clark virou fotógrafo. Insuficiente, porque "havia mais histórias a contar do que a objetiva da câmera permitia", adentrou no cinema em 1995, com "Kids".
Com imagens fortes de drogas, violência doméstica e sexo explícito desde sua estréia, o diretor não tem medo de ficar estigmatizado como provocador. "A verdade é mais cruel do que o cinema a retrata, por isso meus filmes parecem atordoantes", diz à Folha, por telefone, de Nova York.
Co-dirigido por Ed Lachman, diretor de fotografia de "Far from Heaven", de Todd Haynes, e "Erin Brockovich", de Steven Soderbergh, o filme está previsto para estrear em janeiro no Brasil.
O mundo adolescente é sempre o ponto de partida de seus filmes. Em seu mais recente longa, "Ken Park", que a 26ª Mostra de Cinema de SP reexibe hoje em sua "repescagem", Larry Clark volta com mais força a seu universo de violência e traumas familiares.
O enredo conta a vida de um grupo de amigos californianos que tem duas coisas em comum: o skate e os maus-tratos dentro de casa. "É um filme sobre como tentamos sobreviver à família. Os adultos estão usando esses garotos do jeito mais inapropriado, tentando satisfazer seus próprios vazios emocionais através de seus filhos. Alguns jovens de "Ken Park" não sobrevivem a isso."
Para Clark, mostrar o cotidiano dos jovens é uma espécie de missão: "Gosto de pensar assim, porque dá uma idéia de projeto contínuo, de fazer isso para sempre. É surpreendente para mim -especialmente hoje em dia, quando tudo é mostrado- que ainda esteja contando histórias que as pessoas considerem chocantes. Mas, se você ler os jornais, esse mundo está lá, todos os dias".


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