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LITERATURA
Livro de Marcos Fábio Katudjian traz a São Paulo a lenda urbana de supostos filmes com assassinatos reais
"Snuff movies" são tema de romance
IVAN FINOTTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma história de amor passada
no submundo da produção de
"snuff movies". Pode parecer estranho, mas esse é o mote do romance "Snuff Movie - Depois do
Fim do Mundo", do escritor paulistano Marcos Fábio Katudjian.
"Snuff movie", não o livro, mas
a expressão em inglês, significa
um gênero de filmes em que um
dos atores é torturado e morto
sem efeitos especiais, ou seja, de
verdade. Trata-se de uma lenda
urbana, jamais comprovada, mas
que rende muita discussão.
"Snuff Movie", o livro, se passa
em São Paulo, onde uma quadrilha internacional recruta desavisados e filma suas mortes após
uma sessão de sexo e tortura. Mas
esse submundo chocante é apenas o pano de fundo para o romance entre os dois protagonistas
da história, Flávio e Fernanda.
Fernanda é uma garota rica, inteligente e entediada que só descobre alguma adrenalina na vida
ao se envolver com um americano
produtor de "snuffs". Flávio é o
rapaz do interior que ela escolhe,
inicialmente para ser uma das vítimas do esquema. Mas, claro, algo dá errado entre a rua Teodoro
Sampaio e a chique Granja Viana.
"Atualmente, para poder falar
de amor, querem que você primeiro desça aos porões. É essa a
idéia. Não acredito que exista nada mais sórdido do que um "snuff
movie"", diz Katudjian, 36, que
estréia na literatura após dirigir
curtas-metragens.
Formado em cinema e veterinária, ele também estudou perícia
criminal. Isso talvez explique por
que as descrições das sessões de
tortura não são boas para os de estômago fraco: há sangue à beça.
Mas Katudjian conta que não se
preocupou em pesquisar o assunto para seu livro. "Não fico divagando sobre se "snuffs" existem ou
não, nem me empenhei em encontrar um para assistir. O livro
não é sobre isso", diz ele.
"Tive inclusive o cuidado de colocar a palavra "romance" na capa
para que nenhum desavisado
pense que se trata de um livro de
pesquisa. Uso os "snuffs" apenas
como um trampolim para falar
um pouco de nossa miséria."
A lenda dos "snuffs" começou
com o lançamento de "Snuff"
(76), inspirado no assassinato de
Sharon Tate por Charles Manson
e sua "família". Os cinco minutos
finais mostram a equipe largando
os microfones e luzes para torturar e matar a atriz principal.
Após algum tempo, os negativos acabam, mas o espectador
continua ouvindo os sons do assassinato. Após uma onda de protestos, o produtor reconheceu
que se tratava de marketing.
Hoje contabilizam-se dezenas
de filmes sobre o assunto e diversos alarmes falsos. Em 91, o ator
Charlie Sheen assistiu a um filme
japonês numa festa em Hollywood e acionou a polícia. Estava
crente que "Chiniku No Hana"
(90) era um autêntico "snuff". Ficou comprovado que não era.
O livro de Katudjian também
pode virar filme. Aliás, foi concebido inicialmente como um roteiro cinematográfico. "Escrevi o roteiro em cinco dias e noites, quase
como numa psicografia. Depois,
deixei o roteiro de lado e vi que
aquilo era um romance, que demorei dez meses para escrever.
Agora, pretendo refazer o roteiro
e começar a pensar na produção
do filme", diz ele, que também finaliza um livro de contos.
SNUFF MOVIE - DEPOIS DO FIM DO
MUNDO. Autor: Marcos Fábio Katudjian.
Editora: Casa Amarela. Quanto: R$ 35
(360 págs.).
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